Logo após o fim das eleições 2022, apesar da derrota do então presidente Jair Bolsonaro, muitos comemoraram o fato de vários candidatos da direita terem conseguido se eleger, ou reeleger, o que, em tese, poderá proporcionar uma forte oposição ao novo governo Lula no Congresso Nacional.

Contudo, bastaram algumas semanas para percebermos que a coisa não será bem assim. Isso, porque, parece estar surgindo no Brasil um novo regime administrativo: o político-judicial. Em outras palavras, o Legislativo já não tem os mesmos poderes de antes, visto que tudo, praticamente, passa pelo filtro do judiciário.

Um judiciário que, conforme avaliação já feita pelo Dr. Ives Gandra Martins e vários outros juristas, tem ultrapassado a sua competência e praticado o chamado “ativismo judicial”, sendo a esquerda a maior beneficiada.

É nessa conjuntura que a oposição a Lula se encontra, e nela o agora ex-presidente Jair Bolsonaro, que já é alvo de investigação por suposta incitação dos atos violentos praticados em Brasília no dia 8 de janeiro desse ano, por parte de alguns apoiadores supostamente radicalizados.

É difícil acreditar que esses acontecimentos não tenham sido pensados anteriormente, pois o conjunto de narrativas que foi criado há meses, culminando no 8 de janeiro, parece ter sido desenhado para essa finalidade: enquadrar Bolsonaro e os seus apoiadores na acusação de crimes contra a democracia.

O resultado disso estamos vendo através de prisões, censuras, multas, mandados de busca e apreensão, quebras de sigilo e bloqueios de contas bancárias. O objetivo, portanto, não parece ser apenas coibir atentados contra a democracia, mas silenciar por completo a oposição, e nada melhor para fazer isso acontecer do que prendendo ou tornando inelegível o seu maior expoente, que é Bolsonaro.

Mas, também precisamos dizer que Bolsonaro tem parte da responsabilidade por esses acontecimentos. Sim, senhores, esta é a verdade que muitos apoiadores se recusam a ouvir, mas que deve ser dita às claras, especialmente para o amadurecimento de todos.

Conforme disse em outro artigo, se o então presidente sabia que o seu único dever era reconhecer a sua derrota eleitoral, e que nada seria feito em sentido contrário, era a sua obrigação vir a público para dispersar as manifestações em frente aos quartéis do Exército Brasileiro.

Em vez disso, Bolsonaro alimentou ideias na mente dos manifestantes com o seu silêncio e uma série de publicações em tom enigmático, contribuindo para a manutenção de uma expectativa cujo destino não seria outro, senão a frustração, a revolta e os protestos de 8 de janeiro que resultaram em vandalismo e na invasão à sede dos Três Poderes.

Ora, não cabe aqui discutir a presença ou não de “infiltrados”. O fato agravante é que foi um erro não ter sido claro o suficiente com os eleitores. Entendo, porém, que isso não justifica o abuso judicial contra cidadãos que nada tiveram a ver com os atos de vandalismo. Mas, como algumas vezes ocorre nas ruas, há situações em que você está no lugar errado, na hora errada, ao lado de pessoas erradas, e quando isso acontece, todos acabam pagando de alguma forma.

Agora, por fim, o que resta da oposição? Lula ganhou força com o seu aparato político-judicial. Mais do que nunca, a narrativa de “terrorismo” aplicada a homens, mulheres, idosos e até crianças, prevaleceu. Não há distinção entre vândalos, de fato, e cidadãos comuns que protestaram por mera indignação e instinto patriótico.

A esquerda, portanto, agora tem em suas mãos a chance de promover a maior perseguição contra os seus adversários no Brasil, e é o que estamos vendo acontecer, sendo a iminente prisão ou inelegibilidade de Bolsonaro o grande troféu a ser exibido para o mundo, infelizmente.

Cabe aos líderes da direita ter a capacidade de corrigir os erros, juntar os pedaços e reorganizar a oposição de forma inteligente, sensata e com os pés no chão. Menos teatro e inflamação de ânimos, mais realismo, estratégia e ações concretas, começando pela disputa das presidências do Senado e da Câmara. Isso é o básico a ser feito.