A discussão sobre a vacina contra o novo coronavírus possui duas faces: a científica e a política! Do lado científico, especialistas na área da saúde, como o médico neurocirurgião Paulo Porto de Melo, fazem alertas sobre o uso precipitado de um medicamento que pode acarretar efeitos colaterais severos.

“Primeiro precisamos entender que o processo de construção da medicina se dá passo a passo. Não é possível imaginar que exista uma vacina pronta em outubro para uma doença alastrada em março ou abril”, disse ele durante entrevista para a Jovem Pan.

Com formação em uma das melhores universidades do mundo, a Harvard University, o médico fez um comparativo entre a taxa de letalidade do coronavírus em relação aos possíveis efeitos colaterais da “vacina chinesa”, explicando que o risco das reações adversas do medicamento pode ser maior do que a própria contaminação com o vírus.

“Segundo dados de um estudo desenvolvido na Universidade Stanford, na Califórnia, estima-se que a taxa de letalidade global da covid-19, incluindo o Brasil, é de 0,3% e que cerca de 10% da população mundial foi infectada pela doença”, disse ele.

“Sendo assim, ainda temos 90% das pessoas suscetíveis ao vírus. O índice de efeito colateral da vacina chinesa, por sua vez, é de 5,37%, ou seja, quando colocamos esses 5% de chances de efeito colateral sobre a porcentagem da população brasileira que ainda não foi infectada, com certeza, vai morrer gente”, destacou.

Ainda segundo Paulo Porto, os recursos atuais de tratamento do coronavírus se mostram mais seguros em um primeiro momento, o que não justificaria, segundo ele, arriscar expor a população a uma vacina desenvolvida em tempo recorde.

Comparando a taxa de efeitos colaterais da CoronaVac com a vacina contra a poliomielite, ele disse que “o público pode pensar que 5,37% é uma taxa baixa, mas representa, por exemplo, cem vezes mais chances de efeitos colaterais do que a vacina contra a pólio, que tem uma taxa de 0,05%.”

“Por isso, talvez a vacina contra covid-19 mate ou prejudique mais gente do que a própria evolução da doença. Nós, médicos brasileiros, sabemos tratar a doença. Temos tratamentos para as fases precoce, intermediária e avançada então, por que vamos correr para fechar a economia ou lançar vacinas sem, ao menos, entender suas complicações a longo prazo?”, questiona o médico.

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