Este último final de semana foi de agenda cheia, fazendo o que mais amo, que é usar o meu conhecimento como profissional da Psicologia para ajudar famílias que estão atravessando o que podemos chamar de “pandemia” de jovens com crise de identidade e depressão.

Como muitos já sabem, atuo bastante fazendo ministrações em congressos e eventos ligados à igreja evangélica, mas ultimamente o meu público tem se diversificado bastante, incluindo os cristãos católicos e até quem não professa fé alguma. E por quê?

A resposta para isso está na realidade: pais e mães estão ficando cada vez mais preocupados com a saúde mental dos filhos. Nas palestras desse final de semana, confesso que cheguei a ficar assustada com a quantidade de jovens se identificando como depressivos, em crise de identidade e também com ideação suicida.

É triste, mas precisamos reconhecer que estamos errando enquanto sociedade pós-moderna. Nunca vi tantos menores com sintomas depressivos, desgostosos com a vida, sem sonhos, confusos quanto ao que são, perdidos na forma e nas ideias. Não é a travessia de uma fase, mas a condição de um estado emocional que perdura e se agrava.

Poucas coisas são tão chocantes, por exemplo, como ver uma criança com menos de 10 anos dizendo que não tem vontade de viver, sem que isso tenha qualquer relação com situações visivelmente comprometedoras como abusos/violência, enfermidades graves, falta de comida/bens ou família, elementos que, em muitos casos, nos ajudam a entender o contexto e o consequente adoecimento emocional do menor.

Mas, como explicar esse mesmo adoecimento emocional em menores que vivem em contextos aparentemente “comuns”?

Cultura e identidade

Não pretendo abordar as inúmeras possibilidades de respostas sobre o crescente adoecimento emocional de crianças e adolescentes. O espaço aqui não me permitiria. Porém, podemos destacar alguns pontos centrais, como cultura e identidade.

Por “identidade”, me refiro a tudo o que nos identifica como pessoa, tanto na forma visível como não visível (ex.: personalidade). Quanto à “cultura”, me refiro a tudo o que nos identifica como sociedade.

Acontece que nós, como indivíduos, formamos identidade porque estarmos inseridos em uma cultura, por mais reduzida que seja, o que significa que mesmo para quem vive em regiões isoladas, a formação identitária é fruto da sociedade local, mesmo que ela se resuma a uma comunidade de 10 ou 1000 pessoas.

Diante disso, quando olhamos a cultura no mundo atual, podemos dizer que estamos fortalecendo ou enfraquecendo as nossas identidades? Para o teórico Stuart Hall, autor de “A Identidade Cultural na Pós-Modernidade”, a resposta é uma estrondosa confirmação de destruição das culturas locais, e de forma generalizada.

Na prática, é como se nós, enquanto indivíduos, estivéssemos nos dissolvendo em um mar de transformações genéricas, superficiais e sem compromisso com as tradições passadas. É nesse contexto que estamos formando uma geração de futuros pais e mães que, hoje, já se encontram emocionalmente adoecidos.

Como uma criança, por exemplo, vai desenvolver uma identidade forte, estando segura de si mesma, crescendo em uma cultura que propaga a narrativa de “gênero neutro”? Que ela não precisa ser, necessariamente, “menino” ou “menina”? Que a família tradicional, nuclear, é ferramenta de “opressão” ou que a fé dos pais é fruto de crenças míticas sobre um Deus que “não existe”?

Nenhum jovem conseguirá enfrentar a vida, sem adoecer emocionalmente, vivendo em uma geração que nega a própria realidade. Naturalmente, a crise de identidade que muitos enfrentam, atualmente, pode ser o reflexo das ilusões que determinados grupos tentam vender como verdade, mas cuja essência é falsidade.

Conclusão

Como podemos notar, o assunto é vasto e requer uma abordagem ampla, pois sim, os nossos jovens estão em crise, depressivos e pedindo socorro! Por causa disso, e devido ao Setembro Amarelo, vou continuar tratando desse tema nos próximos artigos, em outras colunas, no decorrer da semana.

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