O novo Ministro do MEC, Milton Ribeiro, defende em sua concepção de cidadão livre, do seu direito de opinar, de sua liberdade religiosa a posição de que criar filhos também deve ser por meio da disciplina, e na disciplina por vezes é preciso dar ‘umas palmadas‘.

Eu fui criado desta forma, e não tenho traumas infantis, até agradeço a minha mãe e o meu avô que foram vitais nesta educação. Do outro lado está a Xuxa – foi defensora da Lei da Palmada; que parece não achar nada demais que a sua filha experimente drogas; que vive numa bolha da chamada Beautiful People; – criticando o Ministro da Educação e afirmando que criança não se cria com dor, mas com ”amor” –

Xuxa é aquela mulher que foi impulsionada pelos degraus da fama através de um relacionamento com o Pelé, fazendo até um filme com uma cena erótica com um garoto de 12 anos, depois teve um programa infantil na extinta Rede Manchete e foi parar na Globo com um programa infantil onde se apresentava para o público com roupas curtas e sensuais.

O lindo mundo da imaginação da Xuxa é sem dor, sem sofrimento, mas pode ser com erotização precoce. Observe que nem a ”Terra do Nunca do Peter Pan funciona desta forma, na fantasia de J. M. Barrie existem os perigos das florestas e do Capitão Gancho.

Na opinião reveladora da Xuxa que fala mais sobre seu caráter do que uma preocupação justa – me leva a fazer uma simples pergunta: Qual o tipo de adulto que seria formado nesta criança? A resposta não é complexa, é bem simples: ”Fragmentada!”.

Certamente será uma formação dicotomizada, fisicamente adulto e mentalmente infantilizado, pois ainda não conhece a estrutura da dor seja ela da própria vida, do processo psico-social ou da disciplina.

Tem muito desta psicologia nos cursos universitários e nas clínicas de psicologias comprometidas com o positivismo ou veladamente da psicanálise freudiana que coloca o prazer, o bem-estar como busca da jornada, invertendo o processo natural do sentido da vida que é o caminho que percorre cada ser humano: Nascer, crescer, viver, realizar e morrer.

E olha que não está em questão a teologia, pois falo como comentarista político e logoeducador neste texto. Ao contrário do que pensa Xuxa e a psicanálise, o psiquiatra e pai da ‘Teoria Logoterapia’, Viktor Frankl tem uma posição bem diferente do Freud em relação a dor.

Para Frankl a dor faz parte do processo de crescimento, da harmonia de cada ser. Os seres humanos precisam viver todas as fases da vida sem deixar que os obstáculos produzidos por ela tentem impedir a integralidade das suas dimensões: bio, psico-social e espiritual – Frankl afirma: ”Devemos transformar os aspectos negativos da vida em algo construtivo”.

E Viktor Frankl sabe na pele o que é a dor, o sofrimento, e ser desafiado por um grande obstáculo. Ele passou por quatro ‘Campos de Concentração Nazista’; perdeu sua esposa, perdeu seus pais e seus irmãos, perdeu tudo que tinha. Mas não deixou a dor e o sofrimento arrancar suas perspectivas pela jornada da realização dos seus projetos.

Ele sobreviveu ao nazismo. Quando saiu, tornou-se um grande psiquiatra e Doutor em Filosofia. Frankl afirmava que a dor não pode prender o homem no passado, mas ela ensina e desafia – ele disse: ”Não sou fruto do passado, sou fruto de uma mudança assumida, vivida com intensidade”.

Xuxa também é culpada pela situação da geração de jovens que se encontra hoje no Brasil. Uma geração de mimados; infantilizados; com dificuldades no enfrentamento das grandes responsabilidades – que tem medo dos desafios.

Uma geração que não produz muito, que não tem compromisso com o processo lento de um estudo, uma obra, uma música, uma poesia – mas que cada vez fica presa às tecnologias – e se ”informa” das fontes virtuais e produções de textos fragmentados que alimentam ainda mais a redução das dimensões humanas.

Quero encerrar este texto com uma frase que a senhora Xuxa deveria ler e tirar grandes lições: ”O homem que não passou por circunstâncias adversas, realmente não se conhece bem” (Viktor E. Frankl).

Que tempos…