Recentemente, lideranças de 11 partidos se reuniram para discutir medidas contra a PEC do voto impresso que tramita na Câmara dos Deputados. Com eles, três ministros do Supremo Tribunal Federal também participaram do encontro. Como é de se notar, portanto, um verdadeiro aparato político-judicial.

E é justamente por se tratar de uma grande mobilização político-judicial contra o voto impresso que isso nos chama atenção, final, qual é o motivo de tanta resistência? Se a PEC visa adicionar um mecanismo a mais de auditoria nas eleições do país, isso não seria motivo de comemoração?

Críticos citam alguns argumentos, como por exemplo a suposta judicialização das eleições. Em outras palavras, eles dizem que havendo voto impresso, qualquer candidato que se sentir prejudicado poderá entrar na Justiça pedindo recontagem, o que tornaria o pleito muito burocrático, demorado e dispendioso.

Ora, mas quanto valem a segurança e a transparência de uma eleição? O que está em jogo, afinal, é a democracia! Se a PEC irá trazer mais burocracia, desde que ela resulte em maior segurança para o processo eleitoral, que assim seja! O foco, neste caso, não está em ser contra a PEC, mas sim em criar mecanismos para lhe aperfeiçoar, tornando a burocracia a menor possível.

O mesmo vale quanto ao argumento da judicialização. Neste caso é preciso estabelecer critérios, a fim de que uma ação judicial seja possível, por exemplo, apenas diante de evidências claras de uma possível fraude, como a discrepância entre o número de votos eletrônicos e o impresso em uma amostragem, e não meramente pela simples desconfiança do candidato.

Ou seja, de todo modo, a preocupação com burocracia e judicialização é paralela. É algo que está em segundo plano em termos de importância quando comparado à segurança e à transparência do processo eleitoral. Além disso, é algo que pode ser resolvido à medida que for aperfeiçoado.

Portanto, se todos os candidatos podem ser beneficiados pelo voto impresso, o que explica a grande resistência a essa proposta? Não é muito melhor sanar de uma vez por todas os discursos de insegurança em relação às urnas, aderindo à PEC, em vez de lutar contra ela e contribuir pela manutenção do clima de desconfiança?

E sendo assim, a luta contra o voto impresso apenas reforça ainda mais o desejo de implementar essa medida, pois tamanha resistência faz parecer que existe, sim, a possibilidade de fraude eleitoral, e que isso estaria beneficiando de alguma forma grupos ou pessoas interessadas nisso. Essa é a impressão que fica, o que não é nada bom.