No primeiro semestre desse ano, precisamente entre março e abril, o continente africano enfrentou de forma seguida dois grandes furacões. Apenas o Idai deixou mais de 1000 mortos e 1,6 milhão de crianças precisando de ajuda emergente. Mas, o que isso nos ensina sobre a celeuma internacional acerca da Amazônia, no Brasil?

Antes, façamos um pequeno retrospecto do que houve na África em decorrência dos furacões. Por exemplo, segundo a UNICEF, os casos de cólera e malária entre a população geral aumentaram para 4,6 mil e 7,5 mil, respectivamente, desde que o ciclone Idai atingiu Moçambique, fazendo o órgão lançar um apelo financeiro internacional de 122 milhões de dólares para ajudar três países atingidos durante os próximos nove meses.

200 mil casas foram destruídas, 1 milhão de crianças moçambicanas até hoje precisam de assistência humanitária. No Malauí, o número é estimado em 443 mil. No Zimbábue, são 130 mil meninos e meninas. Falta água, comida, abrigo, roupas, medicamentos, assistência…

Conforme matéria do Opinião Crítica na época, a ONU fez um pelo internacional por míseros 40,8 milhões de dólares como ajuda de emergência para os países atingidos. Como resultado, o Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido enviou 7,95 milhões. Em 19 de março, a União Europeia liberou outros 3,5 milhões de euros.

Por outro lado, em 16 de abril de 2019, praticamente um mês depois do desastre ambiental que devastou os três países africanos, um incêndio atingiu a catedral histórica de Notre-Dame, construída em 1.163. Nas manchetes mundiais foi noticiado que em menos de 24 horas houve uma “enxurrada” de doações para reconstruir o templo, ultrapassando a casa dos R$ 2,6 bilhões.

Qual é a lição que tiramos disso?

É fato inegável que a histeria coletiva sobre a questão ambiental na Amazônia não passa de um factoide produzido por grupos de interesse político e exploratório. Não tem relação alguma, na prática, com a preocupação com o meio-ambiente, muito menos com a vida animal ou humana.

Se tais premissas fossem verdadeiras, a tragédia de proporções gigantescas que atingiu a África, afetando milhões de, pasmem… seres humanos, teria causado uma mobilização mundial sem precedentes em prol dos países africanos, que não apenas perderam vidas, como infraestrutura básica de saúde, educação e segurança.

No entanto, o que vimos foi uma reação absurdamente desproporcional em prol de um templo religioso, na França. A mesma França do Emmauel Macron que hoje promove uma campanha de ataques ao Brasil em razão de queimadas na Amazônia, chegando ao ponto de sugerir intervenção internacional.

A hipocrisia humana está escancarada aos olhos do mundo, basta conectar os fatos para enxergá-la. Isso nos faz lembrar da declaração do filósofo Francisco Razzo, quando disse: “Países que legalizam aborto não têm moral pra falar de árvores“. O mesmo raciocínio se aplica à tragédia africana.

Pessoas que não fizeram manifestação nas ruas em prol de ajuda humanitária para Moçambique, como fizeram os “artistas” brasileiros em prol da Amazônia esta semana, não possuem moral para falar das queimadas na floresta. Pessoas e países que doaram milhões para a reconstrução de Notre Dame, e nenhum centavo para as vítimas dos furacões, não têm moral para falar de árvores. Ponto final!