A desesperança é um dos fatores-chave para o adoecimento mental e físico. Os prisioneiros de Hitler não morriam apenas pela desnutrição e outros métodos de assassinato em massa, mas também pela condição psicologicamente doentia imposta a eles.

Esse é o motivo pelo qual o método logoterápico de Vicktor Frankl se mostra tão contundente, pois o autor, que esteve nos campos de concentração nazistas, foi uma prova viva do quanto a postura mental diante da adversidade pode ser o elemento decisivo para a sua sobrevivência.

Não por acaso todos os exércitos do mundo têm como principal ferramenta de treinamento o condicionamento mental do combatente, pois os veteranos sabem que isso é o diferencial no campo de batalha, e não necessariamente o equipamento em mãos.

Foi graças à postura mental dos vietnamitas que os americanos foram derrotados entre 1959 e 1975, durante a Segunda Guerra da Indochina, e é também por isso que os ucranianos estão, até hoje, conseguindo resistir aos russos, na Guerra da Ucrânia, mesmo com diferenças numéricas e tecnológicas gritantes em ambos os casos.

Dito isso, explico: todo regime totalitário em fase de implantação e consolidação, busca minar a moral da sociedade que pretende dominar, pois sabe que um povo emocionalmente abatido é mais fácil de manipular, controlar e “comprar”!

Minar a moral da sua resistência e das suas tropas é retirar desse povo o que ele tem de mais valioso como esperança, o que inclui seu patriotismo e identidade. Olhando diariamente os noticiários, o que vejo na reação de muitos, talvez a maioria, hoje, é a desesperança sendo instalada.

A desesperança por causa de uma Justiça que realmente parece não funcionar, onde criminosos se orgulham de andar livremente nas ruas, inclusive em cargos de poder; desesperança por cada vez mais termos medo de opinar, e expressar o próprio medo da desesperança, sem que sejamos enquadrados nalgum rótulo ou inquérito.

São notícias e mais notícias ruins, uma atrás da outra, fazendo com que um ar de angústia, frustração e medo paire sobre o Brasil. A cortina inicial de fumaça, produzida pelos propagandistas do novo regime, logo vai acabar, e então veremos a realidade sobre a qual tanto alertamos vindo à tona com todos os seus efeitos.

Diante disso, a grande questão, é: quantos de nós serão como Vicktor Frankl? Ou, quantos vão sucumbir durante o percurso, perante a nova “democracia” que se instala pela força da caneta e das narrativas, e não pelo debate vitorioso de ideias?

São perguntas que se dão em um contexto de desesperança, mas que talvez sirvam para o despertar de alguma consciência ainda adormecida. Que a partir dessa exposição possamos continuar insistindo em manter, sim, a esperança; se não em nós, ou por nós, ao menos por nossos filhos e netos.