Nesta sexta-feira (21) um encontro inusitado chamou atenção do mundo político: a reunião dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva para um almoço promovido pelo ex-ministro da Justiça, Nelson Jobim. Como era de se esperar, não demorou muito para que o “afago” repercutisse.

Membros do PT e do PSDB se dividiram quanto ao encontro, visto que, politicamente falando, ele transmitiu uma mensagem muita clara aos olhos e ouvidos mais atentos: a mensagem de que a oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro está em desespero total.

Ora, essa conclusão é lógica! Não haveria qualquer motivo plausível para que o maior cacique do PSDB, o FHC, optasse por dividir um almoço com o ex-presidiário Lula, se não existisse da sua parte o reconhecimento de que não há nenhum nome forte o bastante na sua legenda para disputar contra Bolsonaro em 2022.

FHC jamais arriscaria arranhar a sua reputação, por mais questionável que seja, ao aparecer nas principais manchetes do país trocando cordialidades com ninguém menos que um condenado pelo ex-juiz Sérgio Moro por corrupção e lavagem de dinheiro, se isto não lhe parecesse uma necessidade política urgente!

O simples fato de a essa altura do campeonato, restando pouco mais de 1 ano para às eleições presidenciais, FHC posar para fotos com o homem apontado como líder do maior esquema de corrupção da história, pela Lava Lato, é uma prova cabal de que o PSDB não enxerga mais em figuras como João Doria a força suficiente para rivalizar contra Bolsonaro.

Lula, por sua vez, ao admitir um encontro com FHC, maior nome de uma sigla que possui entre os membros figuras como Aécio Neves e o próprio Doria, críticos ferozes do PT durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, está dizendo também que reconhece a fragilidade da esquerda tradicional e que, por isso, precisa da ajuda de velhas raposas para ter alguma chance em 2022.

Ocorre que, se para eles essa reunião é uma demonstração de “civilidade” e “diálogo”, para os aliados do presidente Jair Bolsonaro essa é uma confissão de desespero. É o reconhecimento de que a força do atual presidente é muito maior do que os institutos de pesquisa divulgam.

E, como a tendência de quem age em desespero é cometer erros, não há dúvida de que o encontro entre FHC e Lula foi mais um tiro no pé da oposição, servindo apenas de propaganda eleitoral gratuita e antecipada em favor do atual presidente da República. Afinal, não há outro recado que uma reunião como essa possa transmitir, senão o de retrocesso político e moral.