A jornalista Nell Frizzell, colunistas de jornais renomados como o The Guardian e o The Telegraph, autora do livro “Os Anos de Pânico”, publicado em fevereiro desse ano (em inglês), publicou um artigo na badalada revista Vogue, onde questionou se “ter filhos é, em si, uma decisão ecologicamente correta ou doentia” na atualidade.

Para Nell, a decisão de ter filhos em um contexto onde o mundo vive uma suposta crise climática pode não é melhor escolha, especialmente se for um filho ocidental. No seu artigo, ela argumenta que isso faz diferença, visto que filhos nascidos em países mais desenvolvidos, em vez de nações africanas, por exemplo, consomem mais recursos do planeta.

“Antes de engravidar, preocupava-me febrilmente com a pressão sobre os recursos da terra que outra criança ocidental poderia acrescentar”, diz ela ao se referir ao nascimento do próprio filho, fazendo um comparativo com crianças nascidas no continente africano.

“A comida que ele comia, as fraldas que usava, a eletricidade que usaria; antes mesmo de começar a se sentar, meu filho já teria contribuído muito mais para a mudança climática do que seu homólogo em, digamos, Kerala ou Sudão do Sul”, destaca.

“Durante a gestação de meu filho, e provavelmente todos os dias desde então, me perguntei se ter filhos é, em si, uma decisão ecologicamente correta ou doentia”, diz ela. “Como tantas coisas nesta vida, não é um binário simples. A questão dos recursos é mais realisticamente uma questão de consumo do que de população”.

Apesar de levantar esse questionamento, Nell conclui que a solução para a questão climática do planeta não passa por decidir não ter filhos, mas sim por educá-los de forma consciente, a fim de que façam escolhas ecologicamente corretas, por exemplo. Ufa! Menos mal, certo? Assim, ela conclui:

“Também acredito que, no que diz respeito à saúde futura do planeta, a questão não é se continuaremos ou não a ter filhos. As pessoas sempre terão bebês. Aqui, ali e em todo lugar”, diz ela.

“Em vez disso, é uma questão de como criamos esses bebês, de aprender a viver dentro de nossos meios ambientais, de fugir da febre do consumismo e derrubar um sistema político que recompensa uma minúscula minoria rica às custas de todos os outros. 

Como alguém que está tentando criar uma criança com consciência da desigualdade ecológica, que tenta saciar seus desejos com a interação humana em vez do consumo material, que o ajuda a apreciar o mundo natural, espero que meu filho possa contribuir para a humanidade futura, ao invés do que destruí-lo.”