Apresentador do Globo Repórter há 23 anos e contratado da emissora desde 1972, Sérgio Chapelin teve sua aposentadoria apressada pela Globo. O contrato do âncora é válido até dezembro, mas ele sairá do ar mais cedo, em setembro. Foi escanteado após uma dança das cadeiras iniciada pela demissão de Dony De Nuccio.

A despedida antecipada não surpreendeu o veterano. “O meu tempo passou”, diz. “Há um tempo eu vinha falando que queria me aposentar, e a direção pedia para ficar mais um pouco. Agora, a emissora precisou fazer uma mudança e achou que era o momento certo. Qualquer empresa precisa de uma renovação de quadros e eu sabia que isso iria acontecer comigo, que eu seria o próximo”, contou ao Notícias da TV.

Chapelin, que assumiu o Globo Repórter em 1996, depois de dividir com Cid Moreira a bancada do Jornal Nacional, está em paz com a substituição: “Saio de cena para entrar uma pessoa mais jovem”, reconhece. O jornalista se refere a Sandra Annenberg, que vai sair do Jornal Hoje para assumir o seu lugar na atração das noites de sexta-feira.

“Deixo o programa em boas mãos. Ela é fera, assim como a Glória Maria, e não vejo problemas em ter duas mulheres apresentando [o Globo Repórter]. É moderno, é poderoso.” Assumidamente avesso a dar entrevistas, ele admite que ainda não sabe o que irá fazer da vida depois de setembro.

“Acredito que a pior parte vai ser me acostumar à nova rotina. A única coisa que eu sei é que não quero apresentar nada, não quero gravar textos nem fazer locução. Já li muitos textos na vida.” De acordo com o longo comunicado escrito pelo diretor-geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, ao anunciar a troca de âncoras, existe a possibilidade de Chapelin elaborar um novo acordo com a emissora, mesmo fora do ar.

“Sérgio deixará o Globo Repórter no fim de setembro. Mas não deixará a Globo. Como Cid Moreira, continuará ligado à emissora que a ele é tão grata”, escreveu o executivo na ocasião.

Escola antiga

Aos 78 anos, Chapelin passou quase meio século da vida na Globo. Teve uma passagem rápida pelo SBT, que durou um ano, e voltou para a antiga casa em 1984. Reconhece, porém, que acabou não acompanhando a evolução das bancadas. Ele alega ser um profissional da escola antiga de apresentadores e diz que é contra âncoras que dão sua opinião no ar.

“Existem comentaristas, né? O apresentador é aquele que lê o texto de forma isenta, e eu sempre fiz isso”, esclarece. “Há muitos anos, o Armando Nogueira antecipou que para apresentar um telejornal o âncora precisava estar na Redação e ser quase um editor. Isso, eu acho legal e é o que acontece agora na função”, exalta Chapelin.

Nascido em Valença, no interior do Rio de Janeiro, o veterano apresentador cogita a possibilidade de viver definitivamente no interior. “Eu sou um homem rural, gosto de andar a cavalo, cuidar da roça. Quero terminar os meus dias no campo”, finaliza. (Notícias da TV)