O uso da arte como recurso de blindagem para ataques ofensivos, quer seja contra a fé alheia, ou contra pessoas, parece ter se tornado algo consolidado no Brasil. Usuários da internet, por exemplo, estão apontando uma peça de teatro chamada “Precisamos matar o presidente” como mais um modelo desse tipo de ação.

A peça dirigida por Davi Porto vai estrear no próximo dia 06 e será transmitida online através da plataforma Doity. Uma das pessoas que reagiram à divulgação do conteúdo foi o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que criticou a produção, chamando os envolvidos de criminosos.

“A classe artística militante é criminosa e inimiga do povo brasileiro. A ‘peça’ que pede a execução do presidente é uma eloquente prova disso. O que mais me surpreende e decepciona é que os envolvidos já não estejam todos na CADEIA”, afirmou Camargo em sua rede social.

Natureza política explícita

O diretor da peça, por sua vez, disse que “a ideia não é matar o presidente”, mas sim usar a encenação como uma forma de canalizar o “ódio” gerado durante a pandemia do novo coronavírus. Em sua fala, no entanto, ele deixa claro se tratar de uma produção que se refere ao governo Bolsonaro.

“O espetáculo assim como qualquer outra arte nasce de uma necessidade. Seja ela financeira, romântica ou existencial. A pandemia acabou unindo todas essas necessidades que juntas ultrapassaram toda a relutância que existia de levar o teatro para o mundo virtual. Somada a necessidade surgiu o descaso do governo atual, que ainda transformou cada artista em inimigo do estado”, disse Porto, segundo O Diário do Rio.

“Eu acredito que na vida política tem muito aquela coisa de você repudiar as pessoas, de você discordar das pessoas. Isto é uma ordem natural, mas de repente tudo que restou foi o ódio. Entender esse ódio, esse sentimento e a relação com a vida dos artistas foi algo que me cativou. A ideia não é matar o presidente. A ideia não é matar ninguém. A ideia é transformar essa força, esse ódio, esse sentimento motriz em algo como o teatro”, conclui.