A saída de Henrique Mandetta do Ministério da Saúde deu ao presidente da República, Jair Bolsonaro, a chance de nomear Nelson Teich, médico oncologista que defende uma visão aparentemente mais equilibrada sobre o enfrentamento da pandemia do coronavírus no Brasil.

Doutor em Ciências da Saúde – Economia da Saúde pela Universidade de York, do Reino Unido, com larga experiência no ramo médico e empresarial, Nelson escreveu um artigo chamado “COVID-19: Histeria ou Sabedoria?”, onde apresenta um pouco da sua visão.

No documento, Nelson lembra que saúde é um conceito amplo, o qual diz respeito também aos determinantes sociais, ou seja, ao contexto de vida da população e não apenas à ausência de doenças biológicas.

Neste  sentido, ele citou a estabilidade econômica como um dos fatores-chave para a saúde de um povo, já que uma sociedade desamparada economicamente, vivenciando um estado de casos [tenha como exemplo a crise humanitária na Venezuela], outros problemas podem existir.

“Um conceito importe são os ‘Determinantes Sociais da Saúde’, que são aquelas variáveis, independentes dos cuidados em saúde, que vão ter um impacto muito significativo na mortalidade, na expectativa de vida e na qualidade de vida das pessoas. A Estabilidade Econômica é um desses Determinantes”, afirmou Nelson em seu artigo.

“Sem a informação precisa sobre o impacto de uma recessão e de uma crise econômica na mortalidade, fica muito difícil comparar os desfechos clínicos decorrentes das diferentes abordagens, de escolhas como o confinamento, distanciamento e fechamento de comércios e outras atividades ligadas ao consumo e que impactam diretamente na saúde econômica de um país”, destacou.

Nelson Teich demonstra bastante preocupação com a imprevisibilidade da pandemia diante de um vírus que ainda não é totalmente conhecido. Ele citou outros surtos, como a gripe espanhola, que apresentou diferentes “ondas” de contaminação.

A todo momento, porém, Nelson Teich enfatizou no artigo publicado inicialmente no LinkedIn em 24 de março a necessidade de informações precisas, sem radicalismos ou polarizações, buscando conciliar as diferentes necessidades sociais, desde o fornecimento da saúde médica quanto econômica. 

“Os que mais sofrem em crises econômicas são as pessoas mais pobres, mas é um erro as pessoas com melhores condições financeiras imaginarem que estarão imunes às consequências de uma crise econômica grave. A crise econômica vai impactar muito a capacidade de ter acesso a cuidados adequados em saúde, mas esse não é o único problema”, afirmou.