No meio de uma pandemia por causa do novo coronavírus, o Brasil é um dos países onde o combate ao vírus tem sido mais debatido, em grande parte por causa das divergências em relação ao modelo de quarentena adotado pelo governo federal e os estaduais.

Diante deste cenário, trazer informações concretas, não politizadas ou influenciadas por questões ideológicas, mas apenas atreladas ao mundo real, é algo crucial para dar condições da população formar o seu juízo de valor. Assim, se é errado esconder o número de pessoas que são curadas diariamente após a infecção com o Covid-19, por outro também é errado deixar de relatar o medo provocado por ele em face ao número de mortos e internações.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a luta contra o Covid-19 parece estar longe de acabar e o cenário naquele país, sem dúvida o mais rico do mundo, não é de pleno controle e certezas. Novos dados divulgados na sexta-feira destacaram as consequências econômicas da crise da saúde pública, confirmando que centenas de milhares de americanos haviam perdido o emprego devido à pandemia.

Economistas disseram que as perdas reais de empregos serão muito maiores, mas ainda não foram refletidas nos números de empregos, já que grande parte da economia começou a fechar no mês passado. O isolamento tem sido a principal causa do impacto econômico no país, mas ele também não é por acaso.

Coronavírus nos EUA

Só a cidade de Nova York foi responsável por mais de um quarto das 7.077 mortes de coronavírus dos EUA registradas pela Universidade Johns Hopkins na sexta-feira. As infecções americanas conhecidas, abordando 275.000 casos, representavam cerca de 25% dos mais de 1 milhão de casos relatados em todo o mundo.

Na condição de não revelar a sua identidade, um médico falou para a Reuters da situação que está lidando em seu hospital. Ele relatou ter chegado ao trabalho na sexta-feira para saber que três de seus pacientes com COVID-19 haviam morrido naquela manhã. Algumas horas depois, ele havia entubado outros dois.

“Eu nunca vi nada assim. Eu nunca ouvi falar de algo assim no mundo desenvolvido”, comentou o médico. O Dr. Craig Spencer, diretor de saúde global em medicina de emergência do Centro Médico da Universidade de Columbia, em Nova York, descreveu a cena dentro de tendas montadas fora dos hospitais para ajudar a conter um fluxo crescente de pacientes.

“Nas mesmas tendas, vi muita dor, solidão e morte. Pessoas morrendo sozinhas ”, escreveu ele no Twitter na noite de quinta-feira. O que se percebe, portanto, é que apesar das divergências sobre a forma como devemos lidar com o coronavírus, se fazendo ou não quarentena total, os efeitos colaterais do Covid-19, potencialmente mortais, são reais e não podem ser ignorados.

A preocupação econômica deve se aliar aos que defendem a vida acima de tudo, assim como o contrário, visto que não há como suprir hospitais e profissionais de saúde para lidar com o vírus sem uma economia minimamente atuante. Conciliação, bom senso, equilíbrio e a não politização da pandemia devem ser primordiais neste momento, pois caso contrário todos estarão em risco.