O presidente Jair Bolsonaro criticou o Facebook e veículos de imprensa na última segunda-feira (15), acusando a plataforma social de impedir que a população envie imagens para a sua conta oficial, após um pedido para que recibos de postos de combustíveis sejam enviados para ele.

Na ocasião, o presidente também criticou veículos que chamou de propagadores de “fake news” contra o seu governo, tais como a Folha de S. Paulo, o Antagonista e outros.

“Com todo respeito […] eu sou qualquer um do povo: proibir anexar imagens a título de proteger fake news. O certo é tirar de circulação —não vou fazer isso, porque sou democrata— tirar de circulação Globo, Folha de S.Paulo, Estadão, [O] Antagonista, [que] são fábricas de fake news”, disse o presidente.

Bolsonaro ainda pontou a existência de tratamentos diferentes quando o assunto é livre informação, criticando a omissão da imprensa diante de casos de censura nas redes. “E não há uma reação da própria mídia, ela se cala. Falam tanto da liberdade de expressão para eles em grande parte mentir com matérias. Agora para a população é uma censura que não se admite”.

O presidente, contudo, defendeu que notícias falsas realmente devem ser combatidas, mas apontou que está ocorrendo abusos por parte das mídias sociais. “Agora deixa o povo se libertar, porque tem liberdade. Logicamente que se alguém extrapolar alguma coisa, tem a Justiça para recorrer. Agora o Facebook bloquear a mim e a população é inacreditável”, destacou, segundo a Folha.

Facebook censurou o Opinião Crítica

Também na segunda-feira, uma publicação do Opinião Crítica foi censurada pelo Facebook. A plataforma alegou que é “falso” o conteúdo de uma matéria cujo título é este: “Mais de 2 mil médicos publicam nota apoiando o tratamento precoce contra o Covid-19“. Como resultado, páginas e perfis que compartilharam a matéria sofreram penalidades e até bloqueio.

Todavia, não há qualquer conteúdo falso na matéria censurada pelo Facebook. A informação também foi noticiada, por exemplo, pela revista Oeste, um veículo de imprensa que conta com alguns dos grandes nomes do jornalismo no Brasil.

Todo o conteúdo da matéria se baseou em uma nota pública assinada por mais de 2 mil médicos em defesa do tratamento precoce contra o Covid-19. Ainda que existam discordâncias sobre o assunto, é claramente falsa a declaração de que é “falsa” a matéria, visto que a própria nota pode ser conferida aqui.

O que se percebe, contudo, é que parece haver uma articulação entre órgãos de imprensa, supostos “checadores” de conteúdo e mídias sociais em prol do controle da informação, e para isso utiliza-se a narrativa de combate às “fake news” e à “desinformação”. Todavia, o combate mesmo é ao contraditório, isto é, a tudo o que desafia a imposição de apenas uma visão de mundo.

Em sua fala, Bolsonaro disse que pretende tomar providências para que a liberdade de expressão no Brasil continue prevalecendo.

“O governo federal também, junto com o Parlamento, criar uma legislação, taxar mais ainda esse pessoal [redes sociais] que paga muito pouco de imposto para operar dentro do Brasil; tomar medidas para realmente garantir a liberdade de expressão. Na minha página, na página de qualquer um”, concluiu.