Em carta divulgada nesta segunda-feira (30/9), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que não vai aceitar a solicitação judicial da força-tarefa da Lava-Jato para o condenado cumprir pena no semiaberto. Lula se encontrou com advogados pela manhã e disse que não trocará “dignidade por liberdade”. 

A carta foi lida em frente à carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula está preso desde abril de 2018, pelo advogado do petista, Cristiano Zanin, segundo informações do Estadão. “Quero que saibam que não aceito barganhar meus direitos e minha liberdade. Já demonstrei que são falsas as acusações que me fizeram. São eles e não eu que estão presos às mentiras que contaram ao Brasil e ao mundo”, escreveu o ex-presidente.

Como era de se esperar, Lula apela para o Supremo Tribunal Federal em sua carta. “Diante das arbitrariedades cometidas pelos procuradores e por Sergio Moro, cabe agora à Suprema Corte corrigir o que está errado para que haja justiça independente e imparcial, como é devido a todo cidadão”, disse ele.

A solicitação para o semiaberto é parte do cumprimento do próprio Código Penal Brasileiro. O próprio coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, explicou parte da solicitação através das suas redes sociais nesta segunda. “O ex-presidente Lula, como os demais, deve cumprir a pena, nem mais, nem menos, nem mais pesado, nem mais leve.já cumpriu um sexto da pena e, por isso, tem direito à mudança”, disse ele.

A estratégia de Lula (defesa)

A posição de Lula não passa de teatro. Preso em excelentes condições, em Curitiba, de onde mantém contato com líderes partidários e até de outros países, o petista está ciente de que a sua condenação poderá ser revogada em breve pelo Supremo Tribunal Federal, após uma decisão polêmica tomada na semana passada que anulou a condenação de outros presos pela Lava Jato (entenda aqui).

Diante disso, a estratégia da defesa do petista ao recusar o semiaberto é nada mais do que uma forma de reforçar a ideia de “preso político”, linha de raciocínio seguida desde o início das acusações. Ao dizer que não trocará “dignidade por liberdade”, Lula produz um discurso de efeito, a fim de criar manchetes a seu favor, reforçando a imagem de “injustiçado”.

Até mesmo a divulgação de fotos da carta supostamente escrita por ele, com letras malfeitas e um linguajar empobrecido, é algo que visa reforçar a ideação coletiva de um “sujeito simples, amante dos pobres”, preso “injustamente”.

Tal postura visa, sem dúvida alguma, o futuro. Com sua megalomania, Lula ainda cogita ser presidente do Brasil e como qualquer oportunista nato usa a sua própria condenação judicial por corrupção como bandeira eleitoral. Nada de novo. Apenas Lula sendo o Lula.

Carta supostamente escrita por Lula, recusando o semiaberto. Reprodução: Correio Braziliense