O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, não é apontado como uma verdadeira “pedra no sapato” do movimento negro no Brasil por acaso. Suas posições independentes justificam a crítica, visto que elas incomodam o pensamento único de uma maioria.

Recentemente, por exemplo, Camargo fez o seguinte questionamento: “Se minha raça é humana, por que o movimento é negro?

A essência do pensamento de Camargo possui coerência, visto que se a busca pelos “movimentos” é por igualdade, qual é o sentido em se falar tanto da cor da pele? Na prática, os discursos não deveriam ser pela indiferenciação dos indivíduos em relação a isso?

Sérgio Camargo, no entanto, vai além da questão racial. Ele aborda criticamente o movimento negro sob à perspectiva social, por exemplo, ao criticar o suposto “vitimismo” de alguns.

Em seu perfil no Twitter, por exemplo, está escrito: “Presidente da Fundação Cultural Palmares. Negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre.”

Já em uma postagem fixada, ele escreveu: “Devo tudo à educação que recebi dos meus pais. Devo nada à África. Nada à cor da minha pele. Nada à esquerda!”

Camargo vai além da cor

Assim, é possível notar que a crítica do presidente da Palmares sobre o movimento negro vai muito além da compreensão tradicional sobre racismo, focada na questão da aparência e cor da pele.

Ela também diz respeito ao modo como o próprio negro se enxerga na sociedade, envolvendo diversas perspectivas de “ser” e atuação. Para Camargo, portanto, o “vitimismo” seria uma barreira a ser vencida no campo ideológico, já que não encontraria respaldo na realidade.

“Se há algo que um negro que vence por mérito não precisa é do reconhecimento do movimento negro”, escreveu Camargo.