O novo presidente da Fundação Palmares continua rechaçando qualquer proximidade com o movimento negro, considerado por ele um “braço político da esquerda”. Uma das suas publicações, onde deixa explícita a sua posição, foi alvo de críticas de Vera Batista, no Blog do Servidor do Correio Braziliense.

O que Camargo tem demonstrado é uma forma de pensar diferente do ativismo negro, ressaltando a independência desse segmento diante dos invólucros ideológicos tradicionais. Para Vera, no entanto, a postura do presidente da Palmares aponta a “intenção de manter o clima de confronto com integrantes do movimento”.

A bloqueira-ativista tem como fundamento a publicação em que Camargo afirma: “O movimento [negro] é braço político da esquerda, não representa os negros honrados do Brasil (vasta maioria) e defende pautas que nós, cidadãos de bem, repudiamos”.

O pensamento de Camargo pode ser resumido em outra declaração sua, quando disse que os “negros são livres, não uma propriedade da esquerda“. A ruptura com a ideia de que os negros dependem de “movimentos” para reivindicar respeito e posição social é o que mais tem incomodado os ativistas do segmento.

Para Sérgio Camargo, tal concepção é como se fosse fruto de um ideal escravocrata ideológico, de modo que apenas o reconhecimento da verdadeira autonomia é capaz de libertar os negros dessas amarras virtuais.

“O Brasil tem racismo nutella. Racismo real existe nos EUA. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”, disse ele em outra ocasião.