A grande mídia em peso está dando destaque aos aplausos recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante seu discurso de abertura da 78° Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Destacam, em tom de orgulho, que ele foi aplaudido “sete vezes”. Mas, isso é motivo para comemoração?

A resposta depende do ponto de vista. Se você é alguém que concorda na íntegra com a Agenda 2030, sim. Se não concorda, a resposta é não, pois os aplausos, nesse caso, apenas demonstram o total alinhamento do presidente brasileiro com essa pauta.

Mas, o que é a Agenda 2030? Resumidamente, trata-se de um conjunto de 17 objetivos divididos em 169 metas, que tem por finalidade o “desenvolvimento sustentável” do planeta. Os idealizadores assim resumem:

“Antevemos um mundo de respeito universal aos direitos humanos e à dignidade humana, ao Estado de Direito, à justiça, à igualdade e a não discriminação; ao respeito pela raça, etnia e diversidade cultural; e à igualdade de oportunidades que permita a plena satisfação do potencial humano e que contribua para a prosperidade compartilhada.

Um mundo que investe em suas crianças e no qual cada criança cresça livre da violência e da exploração. Um mundo em que cada mulher e menina desfrute da plena igualdade de gênero e no qual todos os entraves legais, sociais e econômicos para seu empoderamento tenham sido removidos. Um mundo justo, equitativo, tolerante, aberto e socialmente inclusivo no qual as necessidades das pessoas mais vulneráveis sejam atendidas.”

Efeitos colaterais

Olhando superficialmente os objetivos da Agenda 2030, em princípio, dificilmente alguém poderá achar motivo para preocupação, afinal, quem não gostaria de acabar com a fome? Quem não deseja erradicar a violência? Quem não quer um mundo mais justo e ecologicamente sustentável?

Acontece que esses objetivos carregam consigo uma série de implicações, pois vão exigir (eles já vêm exigindo) uma série de políticas públicas, implementadas pelos países, que segundo diversos analistas, críticos da agenda, vão significar maior controle sobre as liberdades individuais.

Que fique claro: não se questiona o fim da miséria, das injustiças (todas elas) e de um mundo sustentável – isso é ponto passivo. O que se questiona é a forma como a ONU deseja alcançar esses objetivos.

A redução do consumo de carne bovina, por exemplo, é algo que integra o conjunto de práticas “ecologicamente sustentáveis” da Agenda 2030. Isso implica em nossa escolha de comer ou não carne? A aprovação do aborto, outro exemplo, é algo que integra o que consideram “direitos reprodutivos” da mulher.

Assim diz o item 3.7 do 3° Objetivo da Agenda: “Assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais”.

Por “inclusão”, mais um exemplo, entende-se também como a promoção da agenda LGBT+ no mundo. Neste sentido, vemos o uso do termo “gênero” sendo aplicado de forma subjetiva, nos dando a entender que ele se refere não apenas ao sexo biológico, mas à categoria ideológica de gênero. Isso implica na escolha familiar sobre o tipo de educação dada aos filhos?

No item 4 do Objetivo 5 é dito que a ONU pretende até 2030, com destaque meu, “construir e melhorar instalações físicas para a educação, apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero e que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros, não violentos, inclusivos e eficazes para todos”.

O “X” da preocupação

Os críticos da Agenda 2030 alegam que essas proposições, uma vez assumidas pelos governos dos países, serão aplicadas de forma cada vez mais autoritária, fazendo com que os resistentes às mudanças sejam tratados como “negacionistas”, por exemplo, do “clima” e da “saúde”.

Desse modo, caso os críticos estejam certos, famílias que quiserem optar por seguir os próprios princípios e valores, por exemplo, no que diz respeito à formação moral sobre sexualidade, poderão sofrer represálias institucionais por parte do poder público. Obviamente, tudo em nome do “bem comum” e de um “mundo melhor”.

Os aplausos a Lula, portanto, no maior palco da ONU, não é surpresa quando levamos em consideração o apoio da esquerda às pautas progressistas da Agenda 2030. Estranho seria se o ex-presidente Jair Bolsonaro, falando em defesa da liberdade religiosa e contra o aborto, como fez no passado, recebesse os mesmos aplausos, o que não aconteceu.