O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nesta segunda-feira (07) que as supostas mensagens vazadas de procuradores da Operação Lava Jato, publicadas desde junho desse ano pelo site Intercept Brasil em parceria com outras mídias, já chegaram ao gabinete do Ministério Público Federal (MPF) para serem avaliadas.

De acordo com o novo PGR, alguns conteúdos divulgados “foram confirmados por vários colegas”. Para ele, esse é um assunto sensível e terá “grandes repercussões para o direito e, especialmente, para os processos onde já há condenação”.

“O material já se encontra no gabinete e será avaliado pelo colega encarregado de cuidar das ações penais originárias no Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, nós vamos avaliar o conjunto dos elementos fornecidos na Vaza Jato, sem esquecer que, de alguma forma, vários colegas já validaram seus conteúdos”, disse Aras à Jovem Pan.

No entendimento de Aras, a investigação das mensagens vazadas é necessária e algo do qual “não podemos abrir mão”. “Se admito hoje que isso ocorra contra terceiros, eu certamente poderei ser a vítima amanhã ou depois. Precisamos seguir as melhores práticas, as boas práticas, que estão encrustadas no nosso processo civilizatório”, argumentou.

É importante frisar que alguns trechos divulgados pelo Intercept Brasil já haviam sido reconhecidos por procuradores, incluindo o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro. Porém, eles não reconheceram o material como um todo, e principalmente, questionaram a possibilidade de edição do conteúdo.

Ou seja, não se duvida que exista algum conteúdo verdadeiro, até porque seria demais imaginar que acusações tão sérias seriam 100% inventadas. Portanto, a dúvida principal reside na possibilidade de adulteração do material original, a fim de tentar incriminar os membros da Lava Jato.

Ainda assim, vale dizer que nenhum conteúdo realmente comprometedor do ponto de vista judicial foi encontrado até o momento, senão falas pessoais dos procuradores, expressando opiniões e visões particulares sobre assuntos diversos, razão pela qual a “Vaza Jato” está mais para um material de fofocas do que de incriminação.