A revista Época publicou na noite desta segunda-feira uma nota reconhecendo que errou, ao ter permitido a publicação de uma matéria sobre Heloísa Bolsonaro, esposa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República.

“Como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes, mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à publicação de uma reportagem produz um equívoco”, diz o texto.

A matéria sobre Heloísa Bolsonaro foi ao ar na semana passada, feita por João Paulo Michael Saconi. O jornalista fingiu ser homossexual e um cliente, para conseguir ser atendido por Heloísa, que é psicóloga e oferece serviços de “coaching de autoconhecimento”. 

Após a publicação da matéria, a esposa de Eduardo Bolsonaro revelou que o jornalista não lhe revelou a verdadeira identidade, fez gravações dos atendimentos sem o seu conhecimento e publicou a matéria sem a sua autorização. A notícia da manipulação teve grande repercussão e a família Bolsonaro afirmou que iria processar a revista.

Em sua nota, a Época reconhece que errou: “Ao decidir publicar a reportagem, a revista errou”, diz o texto. “O erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line. Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei”.

Segundo a Época, apenas pessoas públicas podem ter informações reveladas, salvo o interesse público em tais informações, o que não foi o caso de Heloísa Bolsonaro. “Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista”, diz a nota.

A revista diz que o Grupo Globo orienta a correção dos equívocos editoriais, quando ocorrem. “É ao que visa esta Carta aos Leitores. Explicar o que levou à decisão editorial equivocada, reconhecer publicamente o erro e pedir desculpas a Heloisa Bolsonaro e aos leitores de ÉPOCA”, conclui a nota.