Ninguém menos que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, participou de uma live na última quinta-feira (04) com o apresentador Luciano Huck e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), os dois últimos cotados como possíveis candidatos à presidência do Brasil em 2022.

O apresentador Luciano Huck disse que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), são seus “interlocutores frequentes” em conversas sobre o país.

Huck e Leite trocaram elogios. O apresentador disse que o governador tem sido um “adulto na sala” e uma “voz ponderada” em meio às discussões sobre o combate à pandemia de coronavírus no Brasil.

Nem o apresentador nem o governador citaram o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou do PT, mas ambos fizeram referências a situações que marcam os dois quadros. Leite disse que “a democracia está sendo testada” e Huck citou escândalos de corrupção registrados em anos anteriores.

Tanto Huck quanto Leite são apontados como possíveis candidatos a presidente da República nas eleições de 2022. O apresentador vem construindo uma candidatura desde o ciclo eleitoral passado e Leite cresceu como opção em seu partido após integrantes do PSDB se rebelarem contra o governador de São Paulo, João Doria, até então visto como único nome da legenda. Com informações: Gazeta do Povo

Opinião Crítica

A presença de Luis Roberto Barroso em uma live dessa natureza expõe um dos principais motivos pelo qual os ministros do STF são alvos constantes de críticas por parte da população: a frequente e explícita participação e manifestação de vieses político-ideológicos.

É consenso no mundo jurídico que o magistrado deve ser o mais discreto possível em sua vida pública, especialmente quando ocupa cargos que lidam diretamente com assuntos de natureza política, por exemplo. O que dizer então de uma pessoa que preside o órgão de controle eleitoral mais importante do país, o TSE, e aceita trocar elogios e críticas sobre o contexto político brasileiro numa live com potenciais candidatos?

Barroso já criticou diretamente o governo Bolsonaro em outras ocasiões e agora participa de uma live com possíveis candidatos à presidência. Ora, como não quer ser criticado, ó “iluminado” ministro? É óbvio que o recado que vossa excelência transmite à população com atuações desse tipo é de militância e não de imparcialidade na magistratura.

Ainda que o mesmo argumente se tratar de um evento não oficial, e que nos tribunais atue com imparcialidade, exclusivamente pautado pela Lei, nada disso convence o grande público, pois os gestos e o peso das suas palavras indicam o contrário. Não adianta depois reclamar das críticas, pois elas estão sendo claramente alimentadas.