O deputado federal Daniel Silveira acabou de informar através da sua rede social que a Polícia Federal cumpre um mandado de prisão contra ele, em sua casa, expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

“Polícia federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes”, publicou o deputado, aliado do governo Bolsonaro, conhecido por suaS críticas aos ministros do STF e que é alvo de um inquérito que investiga supostos atos “antidemocráticos” iniciados em 2020.

O mandado ocorre após Silveira ter gravado um vídeo, publicado horas atrás, onde ele critica duramente o ministro Edson Fachin, também do STF, pelo fato do ministro ter classificado como ‘intolerável e inaceitável’ qualquer forma de pressão sobre o Poder Judiciário, após a revelação de um twitter feito pelo então comandante do Exército Brasileiro, o general Villas Bôas, em 2018.

No vídeo, Silveira afirma que os onze ministros do Supremo ‘não servem pra porra nenhuma pra esse país’, ‘não têm caráter, nem escrúpulo nem moral’ e deveriam ser destituídos para a nomeação de ‘onze novos ministros’, informou o Correio Braziliense.

“Vá lá, prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes, o homenzão, o fodão, vai lá e manda ele prender o Villas Bôas”, diz o deputado na gravação.

“Vai lá e prende um general do Exército. Eu quero ver, Fachin. Você, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus, vende um habeas corpus, vende sentenças”, continuou o parlamentar.

“Fachin, um conselho pra você. Vai lá e prende o Villas Bôas, rapidão, só pra gente ver um negocinho, se tu não tem coragem. Porque tu não tem culhão pra isso, principalmente o Barroso, que não tem mesmo. Na verdade ele gosta do culhão roxo”, continuou o deputado. “Gilmar Mendes? Barroso, o que é que ele gosta. Culhão roxo. Mas não tem culhão roxo. Fachin, covarde. Gilmar Mendes? (o deputado faz gesto simulando dinheiro) é isso que tu gosta né, Gilmarzão? A gente sabe”.

Silveira também afirma na gravação que já imaginou o ministro Fachin ‘levando uma surra’, assim como ‘todos os integrantes dessa Corte aí’.
“O que você vai falar? Que eu tô fomentando a violência? Não, só imaginei. Ainda que eu premeditasse, ainda assim não seria crime, você sabe que não seria crime. Qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada nessa sua cara com um gato morto até ele miar, de preferência após a refeição, não é crime”, afirmou. “Na minha opinião, vocês já deveriam ter sido destituídos do posto de vocês e uma nova nomeação convocada e feita de onze novos ministros. Vocês nunca mereceram estar aí. E vários que já passaram também não mereceram. Vocês são intragáveis”.

ATUALIZAÇÃO:

Segundo informações preliminares já divulgadas, a prisão de Daniel Silveira ocorreu “por flagrante delito por crime inafiançável e foi determinada de ofício pelo ministro dentro do inquérito das fake news – sem pedido da PF ou da Procuradoria-Geral da República (PGR)”, informou O Globo.

“As condutas criminosas do parlamentar configuram flagrante delito, pois verifica-se, de maneira clara e evidente, a perpetuação dos delitos acima mencionados, uma vez que o referido vídeo permanece disponível e acessível a todos os usuários da rede mundial de computadores, sendo que até o momento, apenas em um canal que fora disponibilizado, o vídeo já conta com mais de 55 mil acessos”, escreveu Moraes na decisão.

Apesar da prisão em flagrante delito, por se tratar de um deputado federal com prerrogativa de imunidade parlamentar, a decisão que determina a prisão de Silveira deve ser submetida, dentro de 24 horas, à casa legislativa. Ou seja, se o Parlamento entender que a prisão do deputado é ilegal, ela poderá ser revogada.

A deputada federal Alê Silva já informou que a Câmara dos Deputados deverá se pronunciar. “Com relação ao caso do @danielPMERJ, a Procuradoria da Câmara já foi acionada. A mesa diretora da câmara há de se reunir e tudo vai se resolver institucionalmente”, disse ela.