O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, utilizou suas redes sociais para se manifestar contra uma matéria do jornal Folha de S. Paulo, a qual lhe acusou de ter omitido o recebimento de valores ao dar uma palestra em 2016. 

Sérgio Moro destacou que o valor da palestra (R$ 10 mil) foi doado para uma instituição de caridade, e por isso não quis dar visibilidade ao fato para evitar “autopromoção”. Ainda assim, a mesma foi divulgada na mídia e registrada no ano seguinte, segundo o ministro.

“Folha de São Paulo vê irregularidade pois a palestra de 2016 não foi registrada na época em cadastro eletrônico no Tribunal (Trf4), embora amplamente divulgada na mídia. Detalhe, o cadastro foi criado depois, em 2017. Pelo jeito, o cadastro é mais importante do que a caridade”, disse o ministro.

“Folha não pode simplesmente reconhecer que errou. Palestra à luz do dia, doação dos valores à caridade, pessoas com deficiência, valores declarados, cadastro de palestras do Trf4 criado só no ano seguinte, nota de resposta não publicada, nada a esconder”, completou Moro.

Como resposta à matéria da Folha, o Ministério da Justiça emitiu uma nota oficial que não foi publicada até este momento pelo jornal. Por fim, Moro reconhece que “não foi totalmente sincero” em 2016, mas não por omitir valores e sim por não querer a sua imagem associada à doação de caridade.

“Em 2016 não fui totalmente sincero. Escondi a doação à caridade decorrente da palestra, pois achei que poderia soar como inadequada autopromoção. Escusas agora pela revelação,mas preciso dela contra falsos escândalos.Há outras doações,mas os fatos importam mais do que a publicidade”, finalizou o ministro.

Abaixo, a nota do ministro Sergio Moro na íntegra: 

“O Ministro da Justiça e Segurança Pública não reconhece o teor de mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido editadas ou adulteradas.

A palestra citada pela reportagem foi ministrada em 21 de setembro de 2016, enquanto o sistema de cadastramento eletrônico de atividade de docência eventual no âmbito do TRF4 foi criado posteriormente, pela Resolução 10, de 9 de fevereiro de 2017, do TRF4.

Para o período anterior, se não houve registro, foi por puro lapso. Apesar disso, não havia qualquer conflito de interesse e a palestra sobre enfrentamento da corrupção e a responsabilidade do setor privado foi na época bastante divulgada na imprensa, como pode ser verificado neste link: http://coletiva.net/comunicaca o/a-convite-do-grupo-sinos-sergio-moro-palestra-sobre-corrupcao,126408.jhtml. Nada havendo a esconder.

Como condição para a realização da palestra, o Grupo Sinos realizou, em 16 de junho de 2016, e a pedido do então juiz, uma doação de R$ 10 mil para o Pequeno Cotolengo do Paraná, entidade beneficente dedicada ao acolhimento de pessoas com múltiplas deficiências. Não foi divulgado à época que o então juiz era o responsável pela doação, pois buscava-se evitar autopromoção com caridade. A família do então juiz tem um histórico de dedicação à causa das pessoas com deficiência. O valor recebido diretamente pelo então juiz é questão privada e foi inferior ao montante doado.

As palestras ministradas pelo então juiz eram via de regra gratuitas. Quando cobradas, os valores não eram elevados e envolviam necessariamente doações a entidades beneficentes efetuadas pela empresa contratante. A concessão de palestras ou aulas, mesmo remuneradas, é atividade considerada legítima para magistrados.”