O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (23) que estuda enviar o Exército para combater as queimadas na Amazônia por meio de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Segundo ele, a decisão será tomada ainda nesta manhã. “É uma tendência [determinar uma GLO. A tendência é essa, a gente fecha agora de manhã”, disse, ao deixar o Palácio da Alvorada.
De acordo com Bolsonaro, ontem (22) houve uma reunião para tratar do assunto. “O que tiver ao nosso alcance nós faremos. O problema é recurso”, ressaltou.
Em despacho publicado ontem em edição extra do Diário Oficial da União, o presidente determina que todos os ministérios, de acordo com suas competências, adotem “medidas necessárias ao levantamento e combate a focos de incêndio na região da Amazônia Legal para a preservação e a defesa da Floresta Amazônica, patrimônio nacional”.
Realizadas exclusivamente por ordem expressa da Presidência da República, as missões de GLO ocorrem nos casos em que há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública. Nessas ações, as Forças Armadas agem por tempo limitado, com o objetivo de preservar a ordem pública, a integridade da população e garantir o funcionamento regular das instituições.
Combate ao incêndio ou manobra militar?
Sem dúvida alguma o anúncio do possível envio do Exército Brasileiro para uma operação de combate ao “incêndio” na Amazônia não é, meramente, para combater incêndios. O próprio ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, falou esta semana durante entrevista que tais queimadas são naturais devido ao período de seca na região.
Também segundo dados oficiais da Agência Espacial Norte-americana (NASA), não há anomalias na Amazônia durante esse período, sendo o aumento de queimadas algo típico do próprio clima, o qual a agência classifica como “a estação do fogo”. Veja a explicação do próprio órgão no trecho abaixo:
“Na região amazônica, os incêndios são raros na maior parte do ano porque o clima úmido impede que eles comecem e se espalhem. No entanto, em julho e agosto, a atividade normalmente aumenta devido à chegada da estação seca. Muitas pessoas usam o fogo para manter terras cultiváveis e pastagens ou para limpar a terra para outros fins. Normalmente, o pico de atividade no início de setembro e principalmente para até novembro” (destaque nosso).
Diante disso, o governo brasileiro não empregaria recursos para o envio de tropas para lidar com algo considerado natural. Não faz sentido! Por outro lado, diante das declarações de países, por exemplo, como a França, que tratam a Amazônia como a “nossa casa” – segundo palavras do presidente francês Emmanuel Macron – não resta dúvida de que a decisão de enviar o Exército para a região é uma manobra militar que visa firmar a soberania nacional do Brasil diante do mundo.
Evidentemente essa intenção não seria explicitada, visto que soaria diplomaticamente como um discurso bélico do Brasil diante da França, algo precipitado até o momento. Por isso o governo usa o incêndio como justificativa de envio das tropas. Todavia, no mundo militar, está claro que internacionalmente o recado não passa despercebido aos olhos do mundo. É o Brasil dizendo: “A Amazônia é nossa e estamos aqui para protegê-la”. Com informações da EBC.