Mais um capítulo da onda de ataques contra os procuradores da Lava Jato, e ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, veio à tona neste sábado (29), após o jornalista Glenn Greenwald divulgar o print de mensagens que, supostamente, seriam de dois procuradores que estariam conversando sobre os erros da força-tarefa.

O conteúdo do material envolve a procuradora da República, Monique Chequer, e o então procurador Ângelo Goulart Villela. O próprio Greenwald anunciou em seu Twitter o teor do material:

“Chats da Lava Jato revelam que procuradores reclamavam de violações éticas de Moro e temiam que operação perdesse toda credibilidade com sua ida ao governo Bolsonaro”.

Greenwald confirma que o material foi retirado de um “grupo de bate-papo [da] Lava Jato”. A tela do chat, portanto, teria sido copiada e reproduzida pelo Intercept Brasil, conforme a imagem abaixo, onde o nome de Villela ainda aparece (destaque nosso).

Entretanto, em outra publicação o nome de Villela é substituído pelo de Ângelo Augusto Costa, que é outro procurador. O próprio Greenwald reconheceu a alteração dos nomes, explicando que se tratou de um “erro de edição”, e que portanto, a informação havia sido corrigida. Veja a mensagem abaixo, já com o nome alterado:

Note que se tratam das mesmas mensagens, apenas com os nomes trocados. Outro “erro” também foi a menção do local de trabalho da procuradora Monique Chequer, o qual ela negou neste sábado. Veja o trecho na imagem abaixo, que Monique diz não reconhecer como autêntico:

Sobre esse conteúdo, a própria Monique declarou neste sábado: “Esclareço que, conforme pode ser obtido publicamente dos meus assentos funcionais, durante praticamente todo o ano de 2008 eu trabalhei como procuradora de contas do Ministério Publico junto ao TCE do Rio de Janeiro, cargo que assumi em 2006. Nunca tinha ouvido falar do ex-juiz Sergio Moro, muito menos tive contato com alguém do MPF/PR”.

Crimes de Greenwald?

Uma vez que o próprio Greenwald assume ter cometido um “erro” na citação dos envolvidos em seu material, e posteriormente “corrigido”, ele indica de forma clara que o material foi, na verdade, adulterado, visto que não se faz correção em documentos utilizados como fonte de denúncia.

Ou seja, a correção só é possível quando se trata de texto redigido pelo próprio jornalista, e não pelo conteúdo que chegou até ele pronto. No caso em questão, o nome dos procuradores fazem parte, aparentemente, de uma captura de tela (imagens do chat). Como podem ter sido substituídos, se não por meio da adulteração das imagens?

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, também fez essa constatação em sua conta no Twitter, citando uma das mídias que fez a observação inicialmente: “A matéria do site [Intercept], se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas de procuradores, a maioria de fora da Lava Jato. Houve trocas de nomes e datas pelo próprio site que as publicou, como demonstrado por OAntagonista”, escreveu.

Com tal indício de fraude, os responsáveis pela divulgação do material podem responder pelo crime de falsificação de provas e a utilização de material obtido ilegalmente, já que o artigo 154a do Código Penal Brasileiro define como crime:

“Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita”.

Podem ser aplicados ainda os crimes contra a honra e a ordem pública (Lei no 1.802, de 5 de janeiro de 1953), se ficar provado que o conteúdo das mensagens foi realmente manipulado para prejudicar os integrantes da Lava Jato e a estabilidade política do país.

O tom político de Greenwald

Além do fatos objetivos, restam os interpretativos, porém, sustentados por evidências bastantes convincentes. É notório que Greenwald é um simpatizante da esquerda política e seu discurso contra o ministro Sérgio Moro, principal responsável pelas condenações da cúpula esquerdista no país, é carregado de intenção ideológica.

Ao rebater as críticas neste sábado, Greenwald se dirigiu da seguinte forma à população: “Para aqueles que se apegam à última e desesperada tática de defender Moro”, insinuando, portanto, que esta seria a “última desesperada” tentativa de defender o ex-juiz. Ora, o que ele sugere com isso? Que prepara um novo material que julga por conta própria ser suficiente para derrubar o ministro? É nítido o tom político no discurso do “jornalista”.

Até mesmo a forma como o material tem sido divulgado… sequencialmente, em clima de sensacionalismo e suspense, visando criar tensão e desgaste à imagem do governo, sugere que os envolvidos nessa pífia novela anti-Lava Jato estão mesmo interessados em criar factoides, e não revelar para a população dados concretos, como deveria ser caso fossem jornalistas sérios, de fato.