O Brasil está assistindo um dos momentos mais críticos na história do Senado Federal, em relação à indicação do ex-ministro André Mendonça para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), e a demora que já dura mais de três meses para a oficialização do pastor no tribunal parece ter uma explicação: chantagem!

Ao menos é isso o que deu a entender uma fala do presidente Jair Bolsonaro na última sexta-feira (8), quando comentou durante a cerimônia de abertura da 1ª Feira Brasileira de Nióbio sobre a indicação de Mendonça ao STF. Ele disse que “chegam recados: ‘A gente resolve CPI, a gente resolve tudo. Me dê a vaga pro Supremo’’.

“É o tempo todo desgaste, uma CPI que é um circo, tentam nos acusar do que nós não fizemos. Não gastei um centavo com a vacina Covaxin, como é que posso ser corrupto? Onde vai acabar isso? Quem perde com isso?”, questionou o presidente em tom de desabafo.

Na sequência, Bolsonaro deu a entender, sem citar nomes, que há pessoas usando as ameaças de indiciamento por parte da CPI da Pandemia, contra o seu governo, para lhe chantagear em relação à indicação de Mendonça, a fim de que o presidente desista do pastor.

“Esses desacertos, desencontros, essas críticas vazias, como temos um problema sério pela frente, que indiquei um excepcional jurista, que é evangélico também, para o Supremo, e tem corrente que não quer lá, quer impor, e chega recado: ‘A gente resolve CPI, a gente resolve tudo, me dê a vaga do Supremo’”, afirmou o presidente, segundo o Correio Braziliense.

Ao final, porém, Bolsonaro explicou que “isso sempre houve, nós começamos a mudar”, sugerindo que não aceitará qualquer tipo de barganha para substituir o nome de Mendonça.

Em todo caso, a declaração do presidente é de extrema gravidade, pois sugere estar havendo um jogo de interesses pelo poder de indicação ao STF. Isso aumenta a pressão e a desconfiança e em relação ao senador Davi Alcolumbre, responsável pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

É Alcolumbre que deve marcar a sabatina de Mendonça na CCJ, um procedimento obrigatório para dar andamento à indicação do ex-ministro. Entretanto, o senador está há três meses protelando a sabatina, dando claros indícios de que está sendo o principal agente de empecilho a esse processo.