A polêmica matéria do Jornal Nacional, da rede Globo, que associou o nome do presidente Jair Bolsonaro ao assassinato da vereadora Marielle Franco, não parece ter nascido do acaso. Além dos interesses ideológicos da emissora, há também os econômicos, visto que a empresa é a maior beneficiária das verbas públicas destinadas para a publicidade federal.

A Rede Globo e as 5 emissoras de propriedade do Grupo Globo (em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 6,2 bilhões em publicidade estatal federal durante os 12 anos dos governos Lula (2003 a 2010) e Dilma (2011 a 2014), informou a Folha de S. Paulo em 2015.

Como a cifra só considera TVs de propriedade do Grupo Globo, o montante ficaria maior se fossem agregados os valores pagos a emissoras afiliadas. Por exemplo, a RBS (afiliada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina) recebeu R$ 63,7 milhões de publicidade estatal federal de 2003 a 2014.

Outro exemplo: a Rede Bahia, afiliada da TV Globo em Salvador, que pertence aos herdeiros de Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), teve um faturamento de R$ 50,9 milhões de publicidade federal durante os 12 anos do PT no comando do Palácio do Planalto.

A TV Tem, que abrange uma parte do rico mercado do interior do Estado de São Paulo, em 4 regiões (com sedes nas cidades de São José do Rio Preto, Bauru, Itapetininga e Sorocaba), faturou R$ 8,5 milhões de publicidade estatal federal em 2014. 

Para que os leitores tenham uma ideia mais precisa do quanto a Globo se beneficiou economicamente durante esse período, o volume total de publicidade federal destinado para emissoras próprias do Grupo Globo é quase a metade do que foi gasto pelas administrações de Lula e Dilma para fazer propaganda em todas as TVs do país.

Ao todo, foram consumidos R$ 13,9 bilhões para veicular comerciais estatais em TVs abertas no período do PT na Presidência da República. As TVs da Globo tiveram R$ 6,2 bilhões nesse período. Na era tucana o cenário não foi diferente, ainda segundo a Folha.

No fim do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, a Globo estava com 49% das verbas estatais comandadas pelo Palácio do Planalto e investidas em propaganda em TVs abertas. No ano seguinte, em 2003, já com o petista Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, a fatia da Globo pulou para 59% de tudo o que a administração pública federal gastava em publicidade nas TVs abertas.

Mudança no governo Bolsonaro

Desde a sua campanha eleitoral em 2018, o então deputado Jair Bolsonaro alertou que cortaria os privilégios das emissoras de TV no tocante à utilização de verbas públicas. Na prática, sua declaração foi um recado direto para a Globo, maior beneficiária do bolo.

Ao dizer na segunda-feira (28) que não renovaria a concessão de contratos públicos com emissoras com algum tipo de deficit com a União, Bolsonaro pode ter despertado a ira dos dirigentes da Globo, visto que a emissora possui cerca de R$ 1 bilhão em impostos não recolhidos pelo Fisco, segundo o R7.

Ainda segundo reportagem da Record TV publicada em outubro do ano passado (2018), baseada em informações da Receita Federal, a Globo precisou “fazer manobras contábeis para não pagar impostos”. Esse é o cenário que pode estar por trás dos ataques ao presidente Bolsonaro.

Assista a reportagem completa da Record abaixo: