Antes de ser repórter e comentarista do jornal The Guardian, assim como o principal nome por trás dos ataques à operação Lava Jato, no Brasil, através do site The Intercept, Glenn Greenwald era advogado – e tinha um emprego de meio período no ramo pornográfico.

“Foi há muito tempo”, disse Greenwald ao Daily News, em uma matéria publicada anos atrás, mas que foi trazida à tona por alguns veículos de comunicação brasileiros, a fim de expor ao público o perfil mais detalhado da pessoa que acusa o ministro da Justiça, Sérgio Moro, de agir ilicitamente em benefício próprio.

O próprio Greenwald confessou que teve uma vida “bagunçada” no passado, segundo o Daily News, e “complicada”. Pelo visto essas complicações começaram muito antes de ser acusado de conspirar com o hacker Edward Snowden para vazar documentos sigilosos do governo americano. 

O início no ramo pornográfico

Greenwald se tornou advogado em 1995, depois de se formar na Universidade de Nova York. Ele atuava na área quando o amigo Jason Buchtel lhe ofereceu uma parceria em sua empresa de consultoria, Master Notions Inc., em 2002.

Documentos judiciais mostram que um dos clientes da empresa era então conhecido como HJ – abreviação de “Hairy Jocks” – e que Greenwald foi quem negociou o acordo.

O proprietário Peter Haas “tinha essa empresa pornográfica que ele não era capaz de manter”, disse Greenwald na época. Com isso, Greenwald e Buchtel concordaram em ajudar a Haas em troca de 50% dos lucros da produtora pornográfica.

Nos dois meses em que as empresas trabalharam juntas, “Haas ganhou mais dinheiro do que jamais havia ganho em toda a sua vida”, afirmam os registros da Master Notions.

Mas Haas teria se recusado a pagar à empresa sua parte dos lucros, o que levou a uma batalha judicial entre as partes envolvidas no acordo. Haas disse que cancelou o acordo porque Greenwald estava “exigindo mudanças no conteúdo dos vídeos que eram e são inaceitáveis”.

Ou seja, Greenwald, na época, queria inserir conteúdos pornográficos na empresa considerados por Haas como “inaceitáveis” e por isso eles tiveram uma briga. Haas também acusou Greenwald de tê-lo intimidado a assinar o acordo, citando vários e-mails distorcidos que ele disse serem de Greenwald, cujo endereço de e-mail era “DomMascHry31”. Em um deles, Greenwald supostamente chamou Haas de “uma putinha” e “uma boa prostituta”.

Greenwald disse que esses e-mails foram “completamente fabricados” e “não escritos por mim”. Depois que o relacionamento comercial entre ambos fracassou, Haas também acusou Greenwald e a Master Notions de ter roubado sua lista de clientes para comercializar seus próprios vídeos pornográficos no site “hairystuds.com”.

“Se você gostou do vídeo do Hairy Jocks, vai adorar a nossa nova linha de vídeos”, informava o site, que atualmente se encontra fora do ar.

Em declarações judiciais, Greenwald argumentou que Haas não tinha uma lista de clientes real para roubar, e que a Master Notions tinha se reunido “revendo clubes, grupos e salas de bate-papo na Internet e na America Online, que são voltadas para pessoas com interesse em vídeos adultos”.

O caso foi resolvido em 2004. Em um post no site do The Guardian, Greenwald disse que o acordo veio depois que ele “ameaçou contratar um perito forense para provar que os e-mails eram falsificados”.

“O produtor rapidamente resolveu o caso pagando uma porção substancial do que devia e concedendo à LLC o direito de usar o que obteve ao consultar com ele para iniciar seu próprio negócio concorrente”, escreveu ele.

Greenwald disse ao The News que foi ideia da Buchtel pressionar o site concorrente e que a Buchtel comprou sua participação na Master Notions depois de cerca de seis meses.

“Foi muito curto”, disse ele, acrescentando que fez uma parceria com a Buchtel porque é “muito empreendedor” e procurava coisas diferentes para fazer.

Pavão Misterioso e o Apple para pornografia

O passado de Greenwald como empreendedor no ramo da pornografia parece coincidir com uma das informações do grupo “Pavão Misterioso”, que destacou o uso de um computador Apple, feito por Greenwald, para “ver pornografia”.

“vc, @ggreenwald apareça na Rodrigues Alves número 1 no Rio de janeiro, vc já esteve aqui diversas vezes renovando sua carteira de estrangeiro, com seu notebook Dell, na quinta feira e o apresente, não no Apple que usa para ver pornografia”, informou o grupo.

Ou seja, este simples detalhe também é um indício da possível veracidade dos conteúdos divulgados pelo Pavão, visto que bate com o passado do jornalista-advogado.