O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, não parece preocupado em se conter e manter a discrição, enquanto juiz, ao falar dos procuradores da Operação Lava Jato.

Após ironizar o ex-juiz Sérgio Moro e criticar os procuradores da força-tarefa de Curitiba durante seu voto sobre a liberação de mensagens roubadas da operação em 2019, para a defesa do ex-presidente Lula, Mendes voltou a disparar contra a equipe de investigadores, comparando-a a um “esquadrão da morte”.

“Acho tudo isso lamentável, todos nós de alguma forma sofremos uma manipulação disso que operava em Curitiba. Acho que temos que fazer as correções devidas, tenho dito e enfatizado que Lula é digno de um julgamento justo”, disse o ministro do STF em entrevista ao colunista do UOL Tales Faria.

“Independentemente disso, temos que fazer consertos, reparos, para que isso não mais se repita, não se monte mais esse tipo de esquadrão da morte. Porque o que se instalou em Curitiba era um grupo de esquadrão da morte, totalmente fora dos parâmetros legais”, completou Gilmar, com destaque nosso.

Opinião Crítica

A manifestação de Gilmar Mendes parece extrapolar o limite do convencional no que diz respeito a comentários extrajudiciais partindo de magistrados. Isso porque, o ministro faz parte da Corte que julga recursos da defesa do ex-presidente Lula contra a Lava Jato.

Como se não bastasse, Mendes faz críticas reiteradas que vão além da competência jurídica (autos do processo), atingindo a imagem dos próprios procuradores da Lava Jato. Ou será normal, como ministro da mais alta Corte do país, comparar profissionais especializados no combate à corrupção a membros de um “esquadrão da morte”?

Às críticas de Gilmar Mendes, portanto, são graves, pois elas não chamam atenção apenas para o tom agressivo e por vezes sarcástico do magistrado contra a pessoa dos procuradores da Lava Jato, mas também para a sua própria pessoalidade diante de uma causa que exige imparcialidade.

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