Voltou a circular nas redes sociais um vídeo do deputado Marcelo Freixo, do PSOL, onde o mesmo aparece afirmando que o objetivo da oposição não deve ser “resistir” ao governo do presidente Jair Bolsonaro, mas sim destruí-lo.

“Nós não temos que resistir ao governo Bolsonaro. Temos que destruir o governo Bolsonaro. Resistir é ganhar tempo. Precisamos de algo mais do que suportar”, declara Freixo em um evento de comemoração pelos 40 anos do Partido dos Trabalhadores, onde foi promovido um debate entre algumas das principais lideranças da esquerda no país.

A declaração de Marcelo Freixo ocorreu no segundo dia do Festival PT 40 Anos, realizado em fevereiro de 2020, com a participação também da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Manuela D’Ávila (PCdoB) e outros, onde fizeram um debate promovendo a união progressista contra o “neoliberalismo” e a “extrema-direita”.

Segundo Freixo, que teve a sua fala transcrita e divulgada pelo próprio site oficial do PT (aqui), “a unidade [da esquerda] precisa existir também com os movimentos sociais. O Marielle Vive não pode estar só na nossa garganta, mas tem que estar na nossa união e nas nossas práticas”.

Como assim, “destruir o governo”?

A declaração de Marcelo Freixo trazida à tona só agora e, curiosamente, não repercutida pela mídia tradicional, é muito preocupante. Isso, porque, suas palavras denotam algo que parece ir além da mera oposição política, o que é legítimo e até necessário numa democracia.

Quando o deputado diz que “não temos que resistir ao governo Bolsonaro. Temos que destruir o governo”, o parlamentar abre margem para múltiplas interpretações, sendo a principal a de que não basta fazer uma simples oposição, é preciso ir além. A questão é: ir além, como?

Ora, sinônimos de destruir são “eliminar”, “derrubar”, “demolir”, “exterminar”. Em quê, portanto, o uso do termo “destruir o governo” tem a ver com democracia? Fazendo um comparativo com os sinônimos é possível ter uma noção maior da gravidade da expressão, por exemplo, se disséssemos que é preciso “derrubar o governo”, ou “exterminar o governo”.

Para qualquer pessoa minimamente honesta intelectualmente, está claro que a expressão “destruir o governo” está longe de soar democrática, sendo na verdade fruto de uma visão autoritária e perigosa contra o Estado Democrático de Direito, especialmente por ter partido de um parlamentar.

Além disso, o uso dessa expressão parece deixar evidente que a intenção da extrema-esquerda não é, realmente, contribuir para o avanço do Brasil. A intenção é atrapalhar, literalmente, quem está na sua vez legítima de governar. Em vez de discutirem proposições, meios de somar, lideranças como Marcelo Freixo parecem mais preocupadas em “destruir”, e isso já diz muita coisa. Assista: