Após o pronunciamento de Jair Bolsonaro em homenagem ao dia 7 de Setembro, na última segunda-feira (07), diversas mídias que compõe um grupo de veículos, ironicamente, comprometidos em verificar fake news na internet, divulgaram uma notícia falsa sobre o presidente.

Mídias como a Folha de S. Paulo, o Estado de Minas e o Estadão, por exemplo, publicaram manchetes semelhantes, como essa a seguir, com destaque nosso: “Bolsonaro fala em democracia, mas defende Golpe de 64 em pronunciamento do Dia da Independência”.

Entretanto, o presidente em momento algum do seu discurso celebrou, como afirmaram a Folha e o Estadão, ou defendeu, como diz o Estado de Minas (E.M), o “Golpe de 64”. O E.M, por exemplo, destacou no corpo da sua matéria:

“Em rede nacional, o chefe do Executivo nacional, apesar de afirmar que ‘sangue dos brasileiros sempre foi derramado por liberdade’, votou a defender o Golpe Militar de 1964, responsável por instaurar a ditadura no país”, diz um trecho. Mas, onde está tal celebração?

Onde está, no discurso, o trecho onde Bolsonaro defende o “Golpe Militar de 64”? A resposta é: em lugar nenhum! O trecho da fala do presidente, usada para induzir o leitor à uma falsa compreensão sobre o discurso, é o seguinte:

“Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, foram às ruas contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”.

Em que parte no discurso Bolsonaro fala dos militares e seu regime? Em nenhuma! O presidente se referiu claramente aos “milhões de brasileiros”, atribuindo protagonismo à população e não ao regime militar, muito menos ao “Golpe de 64”.

Não há, no discurso do presidente, qualquer referência direta aos militares e ao evento de 64. Ainda que este entendimento possa ser retirado implicitamente do discurso, ele jamais pode ser atribuído como uma “celebração” ou “defesa” do “Golpe de 64”, pois isto caracteriza uma interpretação subjetiva acerca de algo não dito.

Portanto, o que temos aqui é um exemplo contundente de fake news propagada pela grande imprensa. Não é manipulação, nem erro de informação, mas notícia falsa mesmo, visto que o conteúdo da fala do presidente não foi replicado de forma distorcida. A ele foi simplesmente adicionado uma ideia, uma suposta fala que, na verdade, não houve.

Veja o discurso completo abaixo e julgue por si mesmo. Aliás, publicado pelo Estadão em sua conta no YouTube: