Uma equipe de reportagem do GLOBO foi impedida de participar de uma entrevista coletiva do prefeito Marcelo Crivella na manhã desta terça-feira. Repórter e fotógrafo chegaram ao hotel Fairmont, na orla de Copacabana.

A agenda marcada tratou da festa de réveillon de Copacabana — um dos principais eventos no calendário da cidade.

Na recepção, onde jornalistas de pelo menos outros três veículos aguardavam, os profissionais foram abordados por dois assessores de imprensa da prefeitura do Rio, e foram informados que o jornal estava proibido de subir ao quarto andar, onde ocorreria a coletiva de imprensa.

A alegação apresentada à equipe foi de que o veículo não fora convidado. Em solidariedade, equipes da TV Globo, Globonews, G1 e CBN, que fazem parte do Grupo Globo, também se retiraram.

O fato ocorreu após O GLOBO revelar uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro, a partir da delação do doleiro Sérgio Mizrahy, sobre a existência de um suposto balcão de negócios na prefeitura para a liberação de verbas a empresas mediante o pagamento de propina. (Com informações: O Globo).

Comentário:

O prefeito do Rio de Janeiro possui autonomia para decidir a qual empresa deseja dar entrevistas. Juridicamente, Crivella está respaldado nessa decisão porque coletivas não são ofícios público-administrativos. Ou seja, não são atividades regulamentadas pelo agente público. Entretanto, sua atitude pode ser questionada no âmbito moral.

Se ficar provado que a TV Globo tem feito matérias tendenciosas contra o prefeito, na intenção de prejudicá-lo, moralmente a decisão de Crivella é compreensível. Fora desse contexto, no entanto, tal atitude seria incompatível com a figura de uma pessoa pública, eticamente falando.

Assim como no conflito Bolsonaro VS Folha de S. Paulo, o caso em questão parece mesmo envolver a existência de matérias tendenciosas contra ambos, o que explica essa espécie de retaliação moral que, diga-se de passagem, está servindo para que outros veículos da imprensa revejam seus editoriais.