O presidente Jair Bolsonaro comentou a possibilidade do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, de se candidatar à presidência da República em 2022, durante uma transmissão ao vivo feita em sua rede social na última quinta-feira (27).

A fala do presidente se deu em um contexto onde o mesmo rebatia críticas por não ter vetado uma emenda ao pacote anticrime sancionado por ele esta semana. A emenda trata da instituição do chamado “juiz de garantia”, algo do qual Sérgio Moro discorda.

Bolsonaro explicou que discordâncias entre ele e os ministros podem ocorrer naturalmente, mas que isso não significa desarmonia. “Bateram demais em mim. Juiz de garantias, abusaram, mas tudo bem; Aqueles que fizeram críticas construtivas tudo bem. Alguns que foram para a questão pessoal e familiar eu lamento”, disse o presidente.

Na sequência, Bolsonaro elogiou Sérgio Moro, dizendo que ele tem feito um “trabalho excepcional”, lembrando que em outras ocasiões eles também já discordaram. Foi nesse momento que o presidente deu a entender que poderá não disputar a reeleição, visto que há pessoas “melhores” do que ele.

“Eu já discordei dele. Como já discordei de outros ministros também. Eu acho que a taxa de concordância com os ministros é em torno de 95%. Está indo muito bem”, disse o presidente ao falar de Moro.

“O Moro tem um potencial enorme. Ele é adorado no Brasil. Pessoal fala que ele deve encarar como presidente. Se o Moro vier, que seja feliz, não tem problema, vai estar em boas mãos o Brasil. E eu não sei se eu vou vir candidato em 2022”, disse Bolsonaro.

Um momento de frustração

Ao falar que possivelmente não disputará a reeleição, Bolsonaro parece se colocar em um momento de frustração pelo excesso de críticas de pessoas que ele, talvez, esperasse mais apoio. Com apenas 12 meses de governo, o presidente vem enfrentando inúmeras batalhas políticas e midiáticas, o que naturalmente deve estar lhe desgastando muito.

Não só reconhecer, mas também endossar publicamente a possível candidatura de Sérgio Moro à presidência já em 2022, parece muito mais um sinal de fadiga diante das críticas na maioria das vezes desonestas, do que um desejo real de não continuar como o presidente do Brasil.

Ao mesmo tempo, a fala de Bolsonaro sobre Moro demonstra que o mesmo acredita no ministro e está disposto a abdicar de uma disputa, caso o ex-juiz da Lava Jato se candidate. Esse tipo de olhar é bom, porque demonstra harmonia de interesses em favor do Brasil.

Por outro lado, todos os cenários indicam que Sérgio Moro jamais se candidataria à presidência tendo no páreo o atual presidente Bolsonaro. O ministro já declarou isso em entrevistas passadas, revelando um grande senso de ética e lealdade, o que só reforça a natureza cooperativa de ambos.