Gustavo Bebianno, ex-ministro do governo Bolsonaro, se filiou ao PSDB no último domingo (01/12), assumindo a diretoria do diretório municipal do Rio de Janeiro. Na cerimônia de filiação, o ex-governista subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro, o qual ajudou a eleger em 2018.

“O momento político que nós atravessamos hoje é grave, gravíssimo, nossa democracia está em risco. Tudo que o presidente quer é um pretexto para a adoção de medidas autoritárias”, disse Bebianno, adotando a narrativa que parte da oposição tem usado para atacar o presidente.

A filiação de Bebianno ao PSDB se deu após uma visita do governador de São Paulo, João Dória, informou a Exame, o que certamente deve ter influenciado a decisão do ex-ministro. Em uma entrevista para o UOL, Bebianno apresentou um discurso que aliados do governo classificam como “isentão”, termo esse que se refere mais aos políticos do “centro”.

“Com sinal invertido, Lula e Bolsonaro são exatamente a mesma coisa, e eu acredito que o Brasil seja muito mais do que isso. O Brasil é muito mais amplo, capaz de abraçar todos os seus filhos, com diferentes posicionamentos e ideais políticos”, disse ele.

Bebianno também defendeu que a exclusão do Jorão Folha de S. Paulo das assinaturas de jornais do Planalto pode ser motivo de impeachment, fazendo uma defesa velada da abertura do processo contra o presidente Bolsonaro.

“Vejo isso como um ato de retrocesso, um absurdo, que, na minha opinião, abre uma porta até para um pedido de impeachment do presidente, uma vez que ele afronta a liberdade de imprensa defendida pela Constituição”, destacou o ex-ministro.

“Por consequência, afronta a própria democracia, uma vez que sem imprensa livre não há democracia. Mais que uma retórica da minha parte em relação a isso, eu falo como alguém que ama imprensa”, concluiu.