Um um produto, no mínimo inusitado, entrou para a lista de desejos de exportação do presidente Jair Bolsonaro. A revelação foi feita na quinta-feira (15) durante a sua live semanal no Facebook. O presidente falou que vai autorizar a exportação de cálculo renal de bois

“Essas pedras do boi tem aí fora utilidade pra fazer remédio. E o Brasil não podia exportar isso aí por uma complicação terrível, faltava uma norma regulamentadora no tocante a isso pra poder exportar”, disse Bolsonaro. “Se o boi tiver cálculo renal vai poder exportar essas pedras aí. É caríssimo. Era dinheiro jogado fora”, acrescentou.

De fato, o cálculo renal de bois, ou “pedra nos rins bovina”, possui um valor caríssimo no exterior, equiparado ao preço da grama de ouro, para surpresa nossa. A informação já foi publicada na tradicional revista Globo Rural:

“Geralmente, são os frigoríficos que vendem os cálculos a intermediários, que por sua vez, tratam de encaminhá-los ao destino final. Dizem que essa matéria-prima interessa a clientes de países do Oriente, em especial do Japão. Seu preço parece estar equiparado ao do grama do ouro e a finalidade deles é bastante controvertida”, diz a reportagem.

“Uns dizem que seu uso está associado ao processo de indução para formação da pérola. Outros afirmam que os cálculos são usados para fixação de pintura em porcelana. Há ainda os que asseguram que eles possuem propriedades altamente afrodisíacas. Seja qual for sua verdadeira utilidade, quem a conhece parece não querer dividir o segredo. Sabe-se que funcionários de frigoríficos até disputam a linha de abate próxima ao fígado do animal na esperança de encontrar um desses cálculos”, acrescenta o texto.

Em outra matéria, dessa vez de O Globo publicada em 2002, o título da manchete diz: “Pedra de vesícula do boi brasileiro vale mais que ouro no mercado internacional”. A matéria informa que os conhecedores desse “segredo” disputam a posse das pedras:

“Uma pedra que vale mais que o ouro está saindo do Brasil sem o conhecimento da Receita Federal. Aqui os atravessadores compram o grama desta pedra por R$ 15 [valor da época] e revendem pelo dobro na Ásia, onde ela é usada para fazer remédios. Essa preciosidade é garimpada em frigoríficos. Nos maiores frigoríficos de Minas, câmeras no teto vigiam uma mina de dinheiro:o local onde são encontradas pedras”, disse O Globo.

“Descobertas, são guardadas como jóias no cofre. Ficam nestas caixas com cadeado até serem recolhidas pelo dono do frigorífico, o único que tem a chave”, completa o texto, confirmando, portando, que a intenção do presidente Bolsonaro de exportar cálculo renal bovino pode ser mesmo uma grande sacada de negócio, visto que o Brasil é o maior exportador de bois do mundo.