O desfecho da Operação Fogo de Sairé, realizada pela Polícia Civil do Pará, revelou indícios do que o presidente Jair Bolsonaro havia sugerido no mês de setembro, ao dizer que o aumento de incêndios na Floresta Amazônica poderia ter sido causado por integrantes de ONGs ambientalistas.

Tal hipótese foi reforçada porque quatro integrantes da ONG Brigada de Incêndio de Alter do Chão foram presos na manhã da última terça-feira (26) por suspeita de incêndio criminoso na Área de Proteção Ambiental (APA).

A ONG Projeto Saúde e Alegria também foi alvo de busca e apreensão. Segundo o delegado responsável pelas investigações, José Humberto Melo Jr, os ativistas teriam vendido imagens dos incêndios com o objetivo de obter doações internacionais.

“Começamos a acompanhar toda a movimentação dos quatro suspeitos. Percebemos que a pessoa jurídica deles conseguiu um contrato com a WWF, venderam 40 imagens para a WWF para uso exclusivo por R$ 70 mil, e a WWF conseguiu doações como do ator Leonardo DiCaprio no valor de US$ 500 mil para auxiliar as ONGs no combate às queimadas na Amazônia”, disse ele, segundo o G1.

O coordenador da ONG Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino, criticou a operação. “A Polícia Civil chegou no nosso escritório de uma forma truculenta, armada com metralhadora, sem a gente saber por que, sem saber qual a acusação e, inclusive, sem decisão judicial e com um mandado de apreensão sem definir o quê, pra quê, sem as especificidades conforme o bom direito rege”, disse ele.

A notícia da prisão dos suspeitos soa como uma bomba para os críticos da política ambiental do governo, como a ex-candidata à presidência da República, Marina Silva, uma vez que o envolvimento direto dos ativistas retira a credibilidade dos trabalhos feitos por essas ONGs até então.

Na prática, é como se não importasse o tamanho dos esforços do poder público para combater às queimadas, já que elas estariam sendo provocadas exclusivamente com a intenção de chamar atenção do mundo para obter doações estrangeiras.

O delegado também ressaltou que Brigada é um projeto que se autocontratava usando o CNPJ do Instituto Aquífero Alter do Chão e recebia doações pelo CNPJ do projeto Saúde e Alegria (PSA). E que as investigações apontaram que a intenção dos brigadistas com os focos de incêndio na APA Alter do Chão era captar dinheiro para o projeto.