Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, nesta sexta-feira (27/09/2019), a Polícia Federal a cumprir mandados de busca e apreensão na casa do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em Brasília. A medida foi tomada após um ofício enviado pelo ministro Gilmar Mendes ao colega Alexandre de Moraes, pedindo que a Corte retirasse o porte de armas de Janot.

O impasse envolvendo o ministro do STF e o ex-PGR começou quando Janot declarou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ter tido a intenção de assassinar Gilmar Mendes. Ele contou que foi armado ao Supremo, mas não conseguiu consumar o fato. A ideia era matar o magistrado e se suicidar em seguida.

Ao saber das declarações, Gilmar Mendes afirmou que nunca imaginou haver “um potencial facínora na PGR” e enviou um ofício a Moraes. Ele pediu medidas cautelares que garantissem a sua segurança.

O ex-procurador-geral disse que, no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes. “Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar”, afirmou Janot.

Segundo o ex-procurador-geral, logo depois de ele apresentar uma exceção de suspeição contra Gilmar, o ministro difundiu “uma história mentirosa” sobre sua filha. “E isso me tirou do sério.”

Janot disse que foi ao Supremo armado, antes da sessão, e encontrou Gilmar na antessala do cafezinho da Corte. “Ele estava sozinho”, disse. “Mas foi a mão de Deus. Foi a mão de Deus”, repetiu o procurador ao justificar por que não concretizou a intenção. “Cheguei a entrar no Supremo (com essa intenção)”, relatou. “Ele estava na sala, na entrada da sala de sessão. Eu vi, olhei, e aí veio uma ‘mão’ mesmo.”

O ex-procurador-geral disse que estava se sentindo mal e pediu para ao vice-procurador-geral da República o substituir na sessão do Supremo. A cena descrita acima não está narrada em detalhes no livro Nada Menos Que Tudo (Editora Planeta), no qual relata sua atuação no comando da operação Lava Jato. Janot alega que narrou a cena, mas “sem dar nome aos bois”.

O ex-procurador-geral da República diz que sua relação com Gilmar já não era boa, após esse episódio, os contatos foram cortados por completo. “Eu sou um sujeito que não se incomoda de apanhar. Pode me bater à vontade… Eu tenho uma filha, se você for pai…” (Metrópoles)