O Supremo Tribunal Federal (STF) enfrenta uma onda de críticas, o que não é surpresa, tendo em vista que elas traduzem uma reação natural à exposição dos próprios ministros da Corte através de comentários e entrevistas muitas vezes sobre pautas que vão além da esfera jurídica, como a política.

No tocante a isso, críticas sobre a suposta intenção de enfraquecer o ex-juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, para favorecer o ex-presidente Lula, condenado pelo ex-ministro pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, surgiram nos últimos dias com força total após uma decisão polêmica da 2ª Turma da Corte.

Questões jurídicas à parte, bem como suas especulações, o que nos interessa aqui é pensar essa questão sob à perspectiva política. Afinal, quais seriam as implicações de uma possível anulação das condenações do ex-presidente Lula?

Sem dúvida alguma, para o governo do presidente Jair Bolsonaro – politicamente falando – seria um ponto positivo, pois a figura do ex-presidente Lula foi a grande responsável pelo impulsionamento da campanha do então deputado em 2018.

Bem diferente do que setores da esquerda imaginam de dentro do seu mundo encantado, a rejeição a Lula não mudou, pelo contrário, ela se consolidou, e agora tendo como novo impulso a rejeição, também, à chamada “nova esquerda”, ou falsos liberais.

Menor divisão de votos

A direita vem sendo filtrada desde o início de 2019, quando figuras que se elegeram na “onda Bolsonaro“, como os deputados Alexandre Frota e Joice Hassellmann se puseram contrárias ao presidente, assim como os garotos do Movimento Brasil Livre (MBL).

Todos que se puseram contra o governo agora estão com a imagem política arranhada perante o público que o elegeu na sombra de Bolsonaro.

Isto significa maior concentração de força na campanha do presidente, melhor seletividade e consequentemente uma vitória mais folgada, já que a tendência é haver menor divisão de votos no futuro.

Assim, uma possível disputa presidencial com Lula não seria ruim para a campanha de Bolsonaro, pois isto só revelaria, ainda mais, quais setores do mundo político estariam aliados ao atual condenado, bem como dividiria o “centrão”, filtrando ainda mais a verdadeira direita.