Uma imagem está correndo o mundo. Ela mostra um homem negro carregando outro homem branco em seus ombros, logo após retirá-lo do meio da multidão onde estava sendo agredido fisicamente durante os protestos do Black Lives Matter no sábado (13).

Segundo a Reuters, antes que outros manifestantes entrassem para protegê-lo, o homem foi colocado nos degraus que levavam ao Royal Festival Hall, no centro de Londres, e gravemente espancado.

Rapidamente, através das redes sociais, representantes da esquerda e da direita iniciaram uma disputa de narrativas para tentar “tomar” para si um pouco do mérito da atitude consciente do homem negro que retirou o branco do meio da multidão.

Todavia, o que a imagem fala para a humanidade não tem qualquer relação com ideologias políticas. A cena retrata com perfeição exatamente o que muitas vezes ativistas radicalizados não conseguem enxergar: o ser humano por trás das ideologias.

Se não é racional acusar todas as pessoas brancas de racismo e “agente opressor”, também não é racional enxergar em todo protesto onde há violência, criminosos em massa. Há pessoas ali querendo se expressar, buscando algo que pode se confundir com a maioria, mas não é a maioria.

O gesto do homem negro ao livrar o homem branco possivelmente da morte caracteriza esse ponto de contato que une a todos nós, pessoas, que é a nossa humanidade. A capacidade de olhar no outro a necessidade de compreensão, empatia e solidariedade.

A capacidade de não enxergar apenas uma rivalidade, mas algo em comum que no meio das divergências nos torna parecidos e fala o mesmo idioma. Seria o respeito pela vida? O respeito pela liberdade de opinião e pensamento? O respeito pelo mais frágil, doente, idosos e crianças?

Ao ver o homem branco sendo espancado, certamente o homem negro viu nele o ponto comum entre os dois: a humanidade. Ele teve a capacidade de não se deixar tomar pelo ódio que muitas vezes sufoca a nossa racionalidade e nos impede de pensar que há valores que devem ser absolutos, como o respeito pela vida.

Que cenas como essa se repitam mais vezes, porém, em contextos diferentes, a fim de que talvez um dia possamos enxergar negros e brancos carregando uns aos outros, mas não em meio a protestos com lados opostos, e sim com todos ao lado da vida.