Sem roupas, molhados, com as mãos na cabeça, deitados no chão e com galos de briga em cima deles. É a tortura a que foi submetido um grupo de prisioneiros do Centro de Coordenação de Polícia de Anaco, no estado de Anzoátegui, no noroeste da Venezuela.
“Cale a boca, garoto!”, diz um dos agentes enquanto bate na cabeça de um dos prisioneiros com uma prancha. A gravação, que acumula quase 400.000 compartilhamentos, horrorizou o mundo inteiro. Tarek William Saab, procurador-geral de Maduro, anunciou uma investigação para “entender” o que aconteceu.
“Eu indiquei promotores em Direitos Humanos de Anzoátegui para investigar os eventos brutais que ocorreram na Polícia de Anaco, então o comissário Hernán Díaz e dois policiais juniores serão cobrados por sua responsabilidade”, informou ele no Twitter horas depois da divulgação do vídeo.
De acordo com a ONG venezuelana “Uma janela para a liberdade”, havia 82 “presos privados de sua custódia no Centro de Coordenação de Polícia de Anaco, que foram retirados de suas masmorras. Os presos, como diriam os familiares, “iniciaram uma greve devido à falta de água e comida e pediram que deixassem seus parentes levarem medicamentos”.
Ainda segundo a ONG, os agentes uniformizados começaram a borrifar combustível dentro da cela para forçá-los a sair. Eles foram forçados a se despir enquanto os batiam com uma placa nas nádegas. Eles também foram pulverizados com água, enquanto dois galos brigavam por seus corpos e bicavam suas partes.
Venezuela: torturas e tratamento degradante
A situação vivida pelos prisioneiros na Venezuela foi denunciada em várias ocasiões, principalmente devido às duras condições que enfrentam, com espancamentos frequentes e falta de higiene e comida em muitos casos.
Em julho passado, um relatório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, disse à Diretoria Geral de Contrainteligência Militar Venezuelana (DGCIM) como uma das quatro forças de segurança do país comete tortura, além de detenções e desaparecimentos arbitrários.
Os outros três órgãos apontados por práticas de tortura são o SEBIN (Serviço de Inteligência Bolivariano), as FAES (Forças de Ações Especiais) e a prisão militar de Ramo Verde.
Após a visita de Bachelet, a repressão e tortura do regime de Nicolás Maduro contra presos políticos aumentou, instalando “em sua homenagem” as chamadas “portas de Bachelet”, uma célula de segurança máxima com 2 metros quadrados de tamanho sem banheiro ou ventilação.
Cuando pregunten sobre Derechos H en Vzla;lo q sucede en las Comisarias/Prisiones (escuche el diálogo.) El trato entre la Policia M y sus privados;además de “la reinserción”a la sociedad a través de ”grandes obras” de Maduro;muestre el video.Cortesía,Policia M Anaco #Venezuela pic.twitter.com/huQfZmOvRz
— Alexandra Belandia R (@abelandia) September 30, 2019