O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou ainda na quinta-feira (10) o apoio à entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Em uma postagem no Twitter, o norte-americano afirmou que a declaração conjunta assinada durante a visita do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à Casa Branca em março continua valendo.

“A declaração conjunta divulgada com o presidente Bolsonaro em março deixa muito claro que eu apoio que o Brasil inicie o processo para se tornar membro pleno da OCDE. Os EUA apoiam essa declaração e apoiam Jair Bolsonaro”, escreveu.

Trump deu a declaração após a agência Bloomberg publicar, nesta quinta-feira, uma reportagem afirmando que o governo dos Estados Unidos teria desistido de endossar a candidatura brasileira para ingressar na OCDE.

Comentário:

O que muitas pessoas não entenderam é que ao se falar de “negação” dos EUA em relação ao Brasil para a entrada na OCDE, falou-se do MOMENTO e não do apoio em si.

O próprio Donald Trump ressaltou em seu Twitter que o apoio dos EUA está mantido para o INÍCIO da entrada do Brasil na OCDE (“…apoio que o Brasil inicie o processo”, escreveu). O leitor tem noção do que significa isso?

O “início” é um processo que demanda anos e anos, algo do qual o Brasil não precisa, pois em comparação à Argentina, por exemplo, o nosso país está muito a frente economicamente.

A ideia de que foi respeitado um “cronograma” e uma “lista”, como os apoiadores do governo têm divulgado, é nada mais do que uma justificativa virtual acerca de algo que não existe na prática, pois a entrada ou não de certos países em tal organização se dá mediante a comprovação de condições específicas e por interesse dos membros do grupo, e não por prazo de vencimento. Basta um estalar de dedos para que a tal “lista” seja alterada mediante uma nova justificativa.

A Argentina está em um dos piores momentos econômicos da sua história, já tendo declarado moratória (em agosto desse ano, adiando o pagamento de dívidas bilionárias) de modo que nada do ponto de vista comercial justifica a sua entrada na OCDE.

Ao deixar de apoiar a entrada do Brasil na OCDE neste momento, os EUA negaram, sim, o apoio ao nosso país de forma imediata, jogando para o futuro tal decisão. Dizer que o apoio está mantido é nada mais do que jogo diplomático, o que não significa invalidade, mas sim estratégia.

Por exemplo, a mesma coisa fez o Governo brasileiro ao dizer que transferiria a sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, em Israel, quando não fez. Ao invés disso, deixou “no ar” esse apoio e tal possibilidade. Perceba que o apoio à essa causa está mantido, mas a sua execução, não! 

O “X” da questão, portanto, está em entender quais são os interesses dos EUA em priorizar a Argentina ao invés do Brasil NESTE MOMENTO, e é por isso que a matéria publicada ontem pelo Opinião Crítica é crucial, pois o assunto vai muito além da esfera econômica. Leia: “Saiba a VERDADE por trás da decisão dos EUA em negar a entrada do Brasil na OCDE“.