Pela primeira vez na história recente do Brasil, o governo emitiu uma Nota de Repúdio à perseguição religiosa promovida pelo grupo terrorista Estado Islâmico contra os cristãos, especialmente nas zonas de conflito localizadas no Oriente Médio e na África, onde os extremistas mais atuam.

A Nota emitida na sexta-feira (27) pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), chefiado pela ministra Damares Alves, foi uma reação à morte de 11 cristãos na Nigéria, todos decapitados por terroristas do Estado Islâmico. Um vídeo do massacre foi divulgado pelo grupo.

As mortes ocorreram depois que os reféns pediram, em um vídeo anterior, que a Associação Cristã da Nigéria (CAN) negociasse sua libertação. Em Nota, o governo brasileiro repudia a perseguição aos cristãos e presta “solidariedade às famílias de cada cristão perseguido, torturado e assassinado por sua fé”. Leia a íntegra do documento abaixo:

NOTA DE REPÚDIO

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) repudia todo tipo de ação violenta e homicídios. Toda forma de violência e assassinato não é, de forma alguma, justificável. Da mesma maneira, este Ministério repudia todo ato de intolerância religiosa.

A agência Amaq, órgão de propaganda do Estado Islâmico, produziu e divulgou nessa quinta-feira (26) um vídeo de 56 minutos, gravado “nas últimas semanas”, onde 11 homens cristãos são executados com o intuito de enviar “uma mensagem para os cristãos do mundo inteiro”.

A responsabilidade do ataque é de uma facção nigeriana do grupo jihadista Estado Islâmico, o Iswap. Segundo a mensagem divulgada, os cristãos foram executados para vingar a morte do líder do grupo, Abu Bakr al-Bagdhadi, e do seu porta-voz, Abul-Hasan Al-Muhajir, durante uma operação norte-americana na Síria em outubro de 2019.

Desde essa data, uma série de ataques têm ocorrido em todo o mundo. Na África, o grupo procura forçar conversões ao islamismo e executa quem se recusa. Os principais alvos têm sido as forças militares e as comunidades cristãs.

O secretário nacional da Proteção Global (SNPG), Sérgio Queiroz, expressou sua consternação diante do fato. “Esse triste evento ilustra a denúncia feita pelo Bispo de Truro, na páscoa do presente ano, ao Secretário Britânico do Exterior, de que o Cristianismo é hoje a religião mais perseguida do mundo. O fato de vivermos num país no qual há ampla liberdade de religião ou crença, e com maioria Cristã, coloca sobre nossos ombros a responsabilidade natural de contribuir com a defesa dessas liberdades globalmente e localmente. E esse é o nosso firme compromisso”, afirmou.

Prestamos nossa solidariedade às famílias de cada cristão perseguido, torturado e assassinado por sua fé, bem como a todos aqueles que sofrem danos físicos, emocionais e materiais por motivo de crença. O MMFDH reafirma seu compromisso com a liberdade religiosa e o respeito às diferenças.