KAMPALA (Reuters) – Uganda ordenou que os provedores de serviço de Internet bloqueiem todas as plataformas de mídia social e aplicativos de mensagens na terça-feira até novo aviso, disse uma carta do regulador de comunicações do país vista pela Reuters.

Os usuários reclamaram na terça-feira que não conseguiram acessar o Facebook e o WhatsApp, plataformas de mídia social amplamente usadas para fazer campanha antes da eleição presidencial de quinta-feira no país da África Oriental.

“A Comissão de Comunicações de Uganda o orienta a suspender imediatamente qualquer acesso e uso, direto ou não, de todas as plataformas de mídia social e aplicativos de mensagens online em sua rede até novo aviso”, disse a carta do diretor executivo da comissão aos provedores de internet.

O porta-voz da comissão Ibrahim Bbossa e o porta-voz do governo Ofwono Opondo não responderam a ligações solicitando comentários. Uma assessora da Ministra da Informação Judith Nabakooba disse que não podia comentar no momento.

Uma fonte do setor de telecomunicações de Uganda disse que o governo deixou claro para executivos de empresas de telecomunicações que a proibição das redes sociais foi uma retaliação pelo bloqueio do Facebook de algumas contas pró-governo.

O gigante da mídia social dos EUA disse na segunda-feira que derrubou uma rede em Uganda ligada ao ministério da informação do país por usar contas falsas e duplicadas para postar antes das eleições desta semana.

Opinião Crítica

O “X” da questão em mais este caso envolvendo eleições presidenciais e mídias sociais não é a natureza ideológica do governo: pode ser de esquerda, direita ou ditatorial, por exemplo. A questão é a interferência dos chefões das redes sociais sobre os acontecimentos no país.

Quando uma gigante de mídia social passa a julgar o que deve ser removido ou não da sua plataforma, restando poucos dias para uma eleição nacional, o risco de que tal decisão seja motivada por questões ideológicas da própria plataforma é altíssimo. Afinal, quem garante que tais decisões não têm por objetivo final influenciar a eleição?

Quem garante que as contas removidas são, de fato, ilegais? Como os usuários e o próprio governo pode auditar essas remoções? Temos como exemplo o polêmico banimento das contas do presidente Donald Trump, dos EUA, questionada por milhões de pessoas no mundo inteiro, incluindo autoridades europeias.

Não se trata, portanto, de questões políticas, mas de neutralidade dos gigantes da comunicação durante o processo eleitoral dos países onde estão presentes. Não importa se o governo vigente é de direita ou esquerda. O que importa é que essas empresas sejam neutras no debate político nacional.

É possível que os donos das maiores mídias sociais do planeta estejam interferindo nas decisões políticas dos países, a pretexto de diretrizes internas, a fim de promover questões ideológicas pessoais? Óbvio que sim! É por isso que, independentemente do viés ideológico político vigente em um país, essas empresas devem se limitar à NEUTRALIDADE.

É a população que, uma vez munida dos meios de comunicação, deve ter a responsabilidade de julgar, produzir e compartilhar informação. Qualquer coisa além disso significa retirar do povo o direito de julgar, por conta própria, no que acreditar. É tornar uma nação inteira refém de alguns poucos “iluminados”. Isso não é liberdade, mas controle!