A polêmica envolvendo o jogador de futebol Neymar Jr. não ocorre apenas no campo jurídico, mas também no ideológico. Isso porque a advogada que defende o atleta, Maira Fernandes, é conhecida por defender pautas feministas, mas terminou sendo expulsa de um grupo por ficar ao lado do atleta.
“Pedi para analisar os autos e me convenci, absolutamente, de que se trata de uma falsa acusação de estupro”, escreveu Maria em sua rede social, explicando o motivo pelo qual aceitou o convite para integrar à equipe de defesa de Neymar.
“De modo geral, a advocacia criminal prescinde desse tipo de análise, por amor ao direito de defesa. Mas, no meu caso, pela minha trajetória como feminista, na defesa dos direitos das mulheres, essa análise era importante”, acrescentou Maria.
O bom senso da advogada, no entanto, não agradou o Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher – CLADEM/Brasil, grupo feminista do qual Maria fazia parte até então. A entidade publicou uma nota comunicando a exclusão da advogada do mesmo, conforme o trecho abaixo:
“Entendemos que toda e qualquer pessoa tem direito à defesa dentro dos limites processuais estabelecidos pela ordem jurídica. De modo que, considerando as recentes denúncias envolvendo o jogador Neymar Jr., a ele deve ser assegurado o devido processo legal.
Entendemos também que todo e qualquer advogado e advogada tem constitucionalmente o direito ao livre exercício de sua profissão, descabendo perquirir-se publicamente acerca dos motivos pelos quais um ou outro caso lhe é oferecido e aceito.
Contudo, sendo o CLADEM uma organização composta por advogadas feministas, com mais de três décadas de atuação ética em defesa dos direitos das mulheres e, por consequência, de luta contra a violência simbólica que se expressa dentro e fora do sistema de justiça criminal em casos a envolver violência contra as mulheres, em especial quando o debate público versa sobre o estupro, comunica que a advogada Maíra Fernandes, recentemente contratada para a defesa do jogador Neymar Jr., conforme tomamos conhecimento via imprensa já não mais pertence a nossa organização”.
Maria Fernandes, por sua vez, disse que “um registro falso não contribui em nada para combater esse tipo de crime”. Veja a sua declaração abaixo: