A Globo está sendo alvo de uma ação civil pública que corre em sigilo na Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro. Essa ação está por trás do processo que a emissora desencadeou recentemente para renegociar contratos de artistas, executivos e jornalistas. Profissionais com altos salários estão sendo chamados para trocar contratos de pessoa jurídica por pessoa física – ou seja, com carteira assinada.

A “despejotização”, como é chamado o processo de substituição de empresas por pessoas, está em curso em todas as áreas no Rio de Janeiro. Ela é temida por muitos profissionais. Eles preferem ser PJs (pessoas jurídicas) porque têm a sensação de que ganham mais, já que os descontos são menores.

Fausto Silva, Ana Maria Braga, Luciano Huck, Fátima Bernardes, por exemplo, são PJs. Muitos atores, diretores, repórteres e âncoras do jornalismo também fazem parte desse grupo, que tem sido pressionado a renegociar contratos, alguns por valores menores.

A ação que corre em sigilo na Justiça Trabalhista do Rio de Janeiro partiu de denúncias de profissionais da Globo, que acusam a emissora de driblar as leis trabalhistas, uma vez que ela não tem custos empregatícios com PJs. 

“Como a ação está em segredo de Justiça, não tem como informar os passos [do andamento processual], mas ela existe, sim, e surgiu a partir de investigações do Ministério Público do Trabalho, desde 2016, sobre a prática de contratação de figura jurídica para cobrir uma relação de emprego”, confirma Rodrigo de Lacerda Carelli, procurador e representante da Coordenadoria Nacional do Combate as Fraudes da Relação de Trabalho do Ministério Público do Rio de Janeiro.

A Globo confirmou que está sendo processada, segundo o Notícias da TV, mas negou que isso tem relação com seu modelo de gestão, justificando que suas mudanças se tratam de uma estratégia de adequação à novas plataformas.

A maioria dos profissionais que precisaram migrar para o modelo de contrato de pessoa física, de fato, mantiveram seus salários, mas seriam apenas os que estão com programação no ar. Os que são contratados, ma não estão com programação, tiveram os salários reduzidos.