O anúncio de que a Anvisa suspendeu os testes da CoronaVac, popularmente chamada de “vacina chinesa”, causou burburinho na mídia e também a indignação do governo paulista de João Doria, principal garoto-propaganda do produto no país.

Com a repercussão da notícia, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, assim como o próprio Doria, fizeram uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira para rebater a Anvisa, afirmando que a morte do voluntário “não teve relação com a vacina”.

A pergunta que ainda não foi respondida, no entanto, é sobre o real motivo da morte do voluntário de 33 anos, que segundo mídias tradicionais não tinha qualquer comorbidade e, portanto, se tratava de uma pessoa supostamente saudável.

Ao rebater a Anvisa, a resposta de Dimas foi essa, segundo o CB: “Os dados estão todos fornecidos à Anvisa, ela tem todas essas informações. A conclusão do relatório que está em mãos da Anvisa exatamente este: o efeito adverso grave foi analisado e não tem relação com a vacina.”

Ora, entendemos que o “efeito adverso grave” [leia-se: morte] “não tem relação com a vacina”, mas a questão central que todos querem saber é: teve relação com o quê? Não basta dizer que o falecimento de um voluntário de um medicamento experimental não teve relação com a droga. É preciso dizer qual foi o verdadeiro motivo da sua morte.

Explicar a causa real da morte é fundamental para afastar completamente a relação da vacina com o falecimento do voluntário. Do contrário, a suspensão determinada pela Anvisa sugere que até o momento o motivo da morte não foi esclarecido completamente, o que torna a interrupção dos testes absolutamente justa e necessária.

Privacidade?

Alguns podem argumentar que a não divulgação da causa real de morte se deve à privacidade do voluntário e  sua família. Todavia, sob hipótese alguma o detalhamento dessa informação implica em divulgar qualquer informação pessoal do falecido.

A deputada Janaína Paschoal, por exemplo, fez uma publicação concordando com a nossa visão: “Independentemente dos conflitos existentes entre o Presidente da República e o Governador de São Paulo, os brasileiros têm direito a saber, afinal, qual foi o efeito adverso apresentado pela pessoa que recebeu a vacina. O sigilo se limita à identidade da pessoa envolvida e só!”, escreveu ela.

Assim, tudo o que o cenário sugere é que está havendo, sim, uma grande politização da vacina chinesa. De qual lado, propriamente? Difícil dizer com precisão, mas sem dúvida a politização existe e ela só quem perde com isso é a população.