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Motoboy não faz entrega, dono de restaurante se revolta e mídia cria narrativa

Motoboy não faz entrega, dono de restaurante se revolta e mídia cria narrativa

A grande mídia tem muito poder e não é só o de informar, mas também o de assassinar reputações, prejudicar investidores e suas empresas, causando caos também em suas famílias. É o que pode estar acontecendo na vida de um sócio do restaurante Abbraccio, do ParkShopping de Brasília, no Distrito Federal.

Ele se tornou alvo da mídia após aparecer em um vídeo criticando um motoboy responsável por uma das entregas do seu restaurante. O entregador estava sentado no que seria um ponto de apoio do shopping, carregando o seu celular, com os alimentos já embalados ao seu lado, no banco.

Ao ver o motoboy sentado com os produtos, carregando o celular, o empresário se revoltou e reclamou com um dos seguranças do shopping que estava próximo ao local, alegando que ele não deveria deixar o entregador ficar naquele espaço.

“Vocês não deviam deixar o cara com isso aqui para carregar. Isso aqui é do shopping. Vou ligar para o Carlos Alberto, porque isso aqui não pode acontecer. Não tem condições. Pago R$ 140 mil de aluguel para o motoboy sentar aqui e colocar o celular dele para carregar? Não vou nem a pau”, disse o empresário, revoltado.

Ele então recolheu os produtos e se dirigiu ao entregador, dizendo que não aceitará mais a prestação dos seus serviços. “Na minha loja você não pisa mais. Se eu pedir para alguém te ver aqui… Já vou te excluir do Ifood, beleza? Só isso que eu tenho para te falar”, disse ele. “E tu não folga não, você não está na sua casa. Eu estou neste shopping tem 15 anos, não vai chegar um motoboy aqui e achar que manda, não. Beleza?”

Quem está com a razão?

A manchete do portal Metrópoles diz o seguinte: “Sócio de restaurante sobre entregador: ‘Pago R$ 140 mil de aluguel pra motoboy sentar aqui’”. Quem, portanto, assiste a gravação após ler a manchete e a matéria, tende a pensar que o empresário agiu de forma preconceituosa com o motoboy pelo simples fato de ele ser um motoboy.

Ou seja, que o empresário teria cometido discriminação. Todavia, não enxergamos dessa forma. É verdade que o empresário errou quanto à ética profissional quando ele se dirigiu de forma áspera ao motoboy, dizendo que ele não pisaria mais em sua loja. Mas isso não tem qualquer relação com preconceito pelo fato do profissional ser um simples entregador.

Segundo o Metrópoles, um entregador que estava no local e viu tudo contou que houve uma confusão por conta da demora no restaurante para preparar um pedido, e o motoboy, após esperar por mais de uma hora, se recusou a fazer a entrega. Ou seja, ele não estava carregando o celular naquele momento porque precisava, mas porque havia se recusado a prestar o serviço.

Entendemos o lado do motoboy, pois uma entrega atrasada poderia prejudicar a sua avaliação junto ao cliente da compra. Mas também entendemos que ele fez a pior escolha e agiu, também, de forma antiprofissional, pois em vez colaborar para amenizar a dificuldade do restaurante de fazer a entrega a tempo, prejudicou ainda mais o estabelecimento se recusando a entregar o pedido.

É óbvio, portanto, que ao ver que o seu produto não havia saído para entrega, e em vez disso estava parado ao lado do entregador que estava sentado carregando o celular, relaxadamente, o empresário iria se revoltar e criticá-lo. Se coloque no lugar dele, alguém que diariamente precisa gerar renda para pagar incríveis 140 mil mensais de aluguel.

É muito fácil criar uma narrativa em favor do trabalhador mais humilde, mas não podemos ser injustos e deixar de enxergar o lado do empresário, especialmente porque são pessoas e empresas como a dele que geram renda e trabalho para pessoas como os entregadores. Já pensou como deve ser a pressão para conseguir manter um restaurante funcionando e se pagando em plena pandemia, dentro de um shopping?

O simples fato do dono do restaurante ter saído ao encontro do entregador, no lado de fora do estabelecimento, para tratar sobre a demora de um único pedido, indica claramente o nível de preocupação que este empresário deve estar tendo para conseguir manter o seu negócio.

A tentativa da mídia de criar uma narrativa de discriminação contra a figura do entregador pelo simples fato do mesmo estar “sentado” é falsa e prejudicial para todos. A crítica do empresário foi pela não execução do serviço. Foi isso o que ele quis dizer, mesmo que tenha se expressado mal, e esta deveria ser a tônica da reportagem do Metrópoles. Assista:

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