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A indústria não quer curar o câncer, mas sim controlá-lo, diz Nobel de Medicina

Ganhou fôlego novamente nas mídias sociais uma entrevista feita com o Nobel de Fisiologia e Medicina de 1993, atualmente Diretor de pesquisa da empresa de biotecnologia New England Biolab, em Massachusetts (EUA), o biólogo molecular britânico Richard J. Roberts.

Roberts é conhecido mundialmente por suas críticas à indústria farmacêutica. Ele aponta o que muitos profissionais e cidadãos comuns desconfiam há anos: que os interesses comerciais por trás de algumas doenças são maiores do que o interesse de curá-las. 

O câncer pode ser uma dessas doenças. “Critico que a indústria diga que quer curar doenças quando não o faz, porque não é um bom negócio. Durante anos houve tentativas de interromper pesquisas que desmentem certas coisas”, disse Roberts ao jornal El Pais.

“O melhor exemplo é a Helicobacter pylori. Barry Marshall e Robin Warren descobriram que essa bactéria causava as úlceras, não só o ácido. A indústria tentou eliminar a pesquisa”, completou. A fala de Roberts lembra o caso da Fosfoetanolamina, também conhecida no Brasil como a “pílula do câncer”.

Um medicamento composto da “fosfo” foi criado pelo químico Gilberto Chierice, então professor do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) no final da década de 1980, e desde então foi usado apenas em fase experimental. Segundo o químico – falecido recentemente – muitas pessoas relataram curas espantosas após a ingestão do medicamento.

Muitos portadores do câncer precisaram entrar na justiça para conseguir a substância. Após a grande repercussão do caso, o químico foi proibido de continuar com o experimento e o medicamento desenvolvido por ele coletado para uma análise científica mais detalhada.

Os estudos com a fosfoetanolamina até hoje estão em andamento, mas resultados preliminares não confirmaram a eficácia da substância contra o câncer. Indústria ou ciência? Segundo o raciocínio do Dr. Roberts, essa “conclusão” preliminar pode ser influenciada pela indústria.

“Se houvesse medicamentos que acabassem com as células cancerígenas por imunoterapia, seriam muito difíceis de comercializar: se o câncer se detivesse totalmente tomando-os duas ou três vezes, onde estaria o dinheiro? Interessa mais à indústria tentar conter o avanço do câncer do que eliminá-lo”, conclui o Nobel.

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