Na manhã desta terça-feira, 31, na saída do Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro conversou com os populares como tem feito desde o início do seu mandato, diariamente. Na ocasião, porém, uma cena inusitada aconteceu, quando uma das pessoas passou a criticar duramente os jornalistas presentes no local.

O presidente estava afirmando que irá seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde, após o seu diretor, Tedros Ghebreyesus, ter citado um dia antes a preocupação com pessoas isoladas em lugares mais pobres do mundo que têm que trabalhar diariamente para ganhar o “pão de cada dia”. 

“O que o diretor-presidente da OMS falou? Esse povo humilde fica o dia todo na rua para levar um prato de comida à noite em casa. Ele falou que ele era africano sabe o que é passar dificuldade. A fome mata mais do que vírus”, afirmou Bolsonaro, sendo aplaudido pelos populares.

“Quando eu falei isso, entraram até com processo no Tribunal Penal Internacional [em Haia, nos Países Baixos] me chamando de genocida. Eu sou um genocida por estar defendendo o direito de você levar um prato de comida para casa. Ele [Ghebreyesus] estava meio constrangido, mas falou a verdade. Achei excepcional a palavra dele. Meus parabéns: OMS se associa a Jair Bolsonaro”, ironizou o presidente.

Tedros Ghebreyesus fez a seguinte declaração na segunda-feira, segundo o Valor“Cada indivíduo é importante, cada indivíduo é afetado pelas nossas ações. Qualquer país pode ter trabalhadores que precisam trabalhar para ter o pão de cada dia. Isso precisa ser levado em conta”

Após esse momento, um dos populares se dirigiu ao grupo de jornalistas no local e chamou a imprensa de “abutres”, criticando a tendenciosidade em certas matérias, destacando que alguns jornalistas “ficam o tempo todo jogando os ministros contra o presidente e o presidente contra o ministro” e que “ninguém aguenta isso mais”.

Bolsonaro deu voz aos populares, rejeitando as perguntas dos jornalistas. “É ele que vai falar, não é voce não”, disse o presidente para um dos jornalistas, ao se referir ao homem que estava falando. Neste momento, vários jornalistas se retiraram do local por causa das críticas constantes dos populares. O presidente comentou a saída deles: “A imprensa que não gosta do povo”. Assista: