O senador Jorge Kajuru concedeu uma entrevista na manhã de hoje ao apresentador Datena, da Bandeirantes, para dar a sua versão sobre o que lhe motivou a gravar a conversa telefônica com o presidente Jair Bolsonaro (veja aqui), no sábado, onde os mesmos falaram sobre a CPI da pandemia e de impeachment dos ministros do STF.

Segundo o senador, ele avisou a Bolsonaro 20 minutos antes de divulgar parte da conversa sobre a publicação do áudio. “No caso do presidente Bolsonaro, eu avisei ontem [domingo], 12h40, ao ligar para ele para contar sobre o requerimento feito, que eu subscrevi, do senador Alessandro Vieira, nós dois somos do mesmo partido, o Cidadania. Que é exatamente o quê? É estender a CPI para governadores e prefeitos”, disse Kajuru.

Kajuru argumentou que Bolsonaro não teria rebatido a ideia da divulgação, explicando que a sua motivação, como senador, foi de “proteger” Bolsonaro e dar visibilidade ao país sobre a posição do presidente diante da abertura da CPI da pandemia.

“Falei ‘presidente, vou colocar agora, uma hora da tarde, a nossa conversa, que vai ser importante’. Porque foi um desabafo dele. Então, eu considerei que aquilo, para mim, como várias vezes eu já conversei com ele e coloquei no ar falas dele, eu voltei a fazer isso porque para mim foi uma proteção a ele para mostrar ao Brasil inteiro que ele está se sentindo prejudicado e, repito, usou a palavra sacana porque realmente ele estava chateado”, afirmou o senador.

Ou seja, Kajuru também deu a entender que o presidente teria usado a palavra “sacana” contra o senador, ao tomar conhecimento apenas 20 minutos antes de que teria parte da sua conversa com ele divulgada, fruto da gravação. Não ficou claro, portanto, se Bolsonaro estava ciente de que a conversa com o parlamentar, no sábado, estava sendo gravada.

O senador explicou ainda que só omitiu uma parte da conversa, onde Bolsonaro chamou um senador de “bosta”. Segundo Kajuru, a omissão teria sido para proteger Bolsonaro por ter se referido de forma agressiva contra um dos parlamentares.

“Se você [Kajuru] não participa [da CPI], vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues para participar e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desses”, disse Bolsonaro na conversa, explicando que a CPI precisa ser ampliada.

“Se não mudar a amplitude, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana. Tem que fazer do limão uma limonada. Por enquanto, é um limão que tá aí. Dá para ser uma limonada”, disse o presidente ao senador.

“A única parte da entrevista que não coloquei para protegê-lo, porque acho que foi desnecessário, foi quando ele ofendeu um senador e falou que ia para a porrada com este senador. Falei ‘presidente, calma, não é hora disso, presidente’”, relatou Kajuru. Ao saber da reação de Bolsonaro nesta segunda, o senador disse que vai atender o pedido do presidente e divulgar o áudio na íntegra.

“Ele não está dizendo que eu menti. Ele está dizendo que eu não coloquei tudo o que ele falou. E ele sabe o que ele falou. Se ele quer que eu coloque, eu coloco”, afirmou. “Se ele deseja paz com a CPI, eu colocar no ar a parte do que ele falou, ele iria arrumar uma briga com todos os senadores. Agora, ele quer, ele vai ter”.